São Paulo, Terça-feira, 19 de Outubro de 1999
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PECUÁRIA

Com dupla aptidão (carne e leite), a raça apresenta bons resultados no cruzamento com o nelore

Simental vira opção para pequenos

FÁBIO EDUARDO MURAKAWA
enviado especial a Maringá (PR)

Depois de consolidar a raça entre as três mais numerosas da pecuária brasileira, atrás do nelore e do holandês, os criadores de simental querem agora fazê-la crescer entre os pequenos produtores.
A vantagem da raça, segundo seus defensores, é ter dupla aptidão, ou seja, ela serve tanto para corte (produção de carne) como para a atividade leiteira.
"Para o pequeno produtor, isso faz diferença, pois nenhum animal é descartado", diz o superintendente da Associação Brasileira de Criadores da Raça Simental, Alan Fraga. "Quem cria holandês e tem uma vaca prenha torce para não nascer macho", afirma.
Segundo ele, com maior aproveitamento de carcaça, os garrotes (animais entre 2 e 4 anos de idade) da raça atingem no mercado preço melhor do que o do holandês, que demora mais tempo para ganhar peso.
"Para o pequeno produtor não compensa criar um macho holandês. Sai muito caro", afirma.
O veterinário Paulo Tonin, diretor do Centro Paulista do Simental e pequeno produtor, vê no cruzamento industrial uma outra utilidade para a raça.
Ele diz ainda que a maioria das fazendas hoje usa a fêmea meio-sangue simental com nelore como receptoras para a transferência de embrião. "As fêmeas são boas receptoras, pois, além de férteis, desmamam um bezerro com bom ganho de peso."
Para Antonio Carlos Silveira, professor de nutrição animal da Unesp de Botucatu (SP), uma outra raça também poderia ser opção aos pequenos produtores por ter dupla aptidão.
Suas pesquisas mostram que o pardo-suíço tem desempenho tão bom quanto o simental.
Ele faz, no entanto, uma ressalva. Apesar dos ganhos obtidos por meio do melhoramento genético, as raças européias, como o simental e o pardo-suíço, não têm a rusticidade dos zebuínos.
"Para produzir carne em pouco tempo, é necessário fazer cruzamento industrial com o nelore."
Segundo ele, o objetivo dos pequenos produtores não deve ser o de criar animais puros para vendê-los como reprodutores. Nesse mercado, levam vantagem as médias e grandes fazendas, que dispõem de mais tecnologia.
Os pequenos produtores podem ampliar seus ganhos por meio do superconfinamento.
Os animais são confinados logo após a desmama e abatidos em até 12 meses. O custo de produção gira em torno de R$ 24/arroba. "Quem tem dez cabeças e uma plantação de milho e de cana pode adotar o método", diz.


O repórter free-lance Fábio Eduardo Murakawa viajou a convite da ABCRS.



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