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PECUÁRIA
Com dupla aptidão (carne e leite), a raça apresenta bons resultados no cruzamento com o nelore
Simental vira opção para pequenos
FÁBIO EDUARDO MURAKAWA
enviado especial a Maringá (PR)
Depois de consolidar a raça entre as três mais numerosas da pecuária brasileira, atrás do nelore e
do holandês, os criadores de simental querem agora fazê-la crescer entre os pequenos produtores.
A vantagem da raça, segundo
seus defensores, é ter dupla aptidão, ou seja, ela serve tanto para
corte (produção de carne) como
para a atividade leiteira.
"Para o pequeno produtor, isso
faz diferença, pois nenhum animal é descartado", diz o superintendente da Associação Brasileira
de Criadores da Raça Simental,
Alan Fraga. "Quem cria holandês
e tem uma vaca prenha torce para
não nascer macho", afirma.
Segundo ele, com maior aproveitamento de carcaça, os garrotes (animais entre 2 e 4 anos de
idade) da raça atingem no mercado preço melhor do que o do holandês, que demora mais tempo
para ganhar peso.
"Para o pequeno produtor não
compensa criar um macho holandês. Sai muito caro", afirma.
O veterinário Paulo Tonin, diretor do Centro Paulista do Simental e pequeno produtor, vê no cruzamento industrial uma outra
utilidade para a raça.
Ele diz ainda que a maioria das
fazendas hoje usa a fêmea meio-sangue simental com nelore como receptoras para a transferência de embrião. "As fêmeas são
boas receptoras, pois, além de férteis, desmamam um bezerro com
bom ganho de peso."
Para Antonio Carlos Silveira,
professor de nutrição animal da
Unesp de Botucatu (SP), uma outra raça também poderia ser opção aos pequenos produtores por
ter dupla aptidão.
Suas pesquisas mostram que o
pardo-suíço tem desempenho tão
bom quanto o simental.
Ele faz, no entanto, uma ressalva. Apesar dos ganhos obtidos
por meio do melhoramento genético, as raças européias, como o
simental e o pardo-suíço, não têm
a rusticidade dos zebuínos.
"Para produzir carne em pouco
tempo, é necessário fazer cruzamento industrial com o nelore."
Segundo ele, o objetivo dos pequenos produtores não deve ser o
de criar animais puros para vendê-los como reprodutores. Nesse
mercado, levam vantagem as médias e grandes fazendas, que dispõem de mais tecnologia.
Os pequenos produtores podem ampliar seus ganhos por
meio do superconfinamento.
Os animais são confinados logo
após a desmama e abatidos em
até 12 meses. O custo de produção
gira em torno de R$ 24/arroba.
"Quem tem dez cabeças e uma
plantação de milho e de cana pode adotar o método", diz.
O repórter free-lance Fábio Eduardo Murakawa viajou a convite da ABCRS.
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