São Paulo, Terça-feira, 30 de Novembro de 1999


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AGROBUSINESS

Importação de leite em pó cresce neste ano

SEBASTIÃO NASCIMENTO
da Reportagem Local

Quem apostou na desvalorização do real, em janeiro passado, como freio à importação de leite, perdeu. De janeiro a outubro deste ano entraram no país 147,9 mil t de leite em pó, contra 147,2 mil t no mesmo período em 98.
Em divisas, o país gastou US$ 245,3 milhões no período, 11% a menos do que os US$ 275,9 milhões de igual período de 98.
""Isso se chama dumping. O volume importado continuou alto mesmo após a desvalorização do câmbio porque os países exportadores chegam a vender o leite em pó abaixo do custo de produção", diz Vicente Nogueira Neto, do setor de pecuária de leite da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), entidade que divulgou os números.
Segundo ele, o preço do leite importado ultrapassava US$ 2.000/t há um ano. Agora está em torno de US$ 1.350/t.
""Em outubro, início da safra no Brasil, as importações de leite em pó aumentaram mais de 50% na comparação com igual mês no ano passado, de 10,8 mil t para as atuais 16,8 mil t."
Ele acredita que, em breve, os preços deverão ficar aviltados para o produtor brasileiro, pois o período agora é de excedente.
Os números foram confirmados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e pelo Leite Brasil.
""Foi uma decepção. Mesmo o mais pessimista dos analistas não acreditava nisso, devido ao fator cambial", diz Nogueira.
O leite em pó é o carro-chefe das importações brasileiras. No total, somando-se manteiga, creme de leite, queijos e requeijão, o Brasil importou 304,1 mil t de lácteos de janeiro a outubro. Em igual período de 98 foram internalizadas 326,5 mil t.
Gastou menos dinheiro: US$ 351,7 milhões este ano, contra US$ 436,4 milhões em 98.
Para o professor Sebastião Teixeira Gomes, da Universidade Federal de Viçosa (MG), basicamente foi o ajuste para baixo no preço do leite feito pelos países exportadores que possibilitou a continuidade das importações.
""Há sobra na Argentina, por exemplo. Ela faz a opção que lhe resta, ou seja, reduz o preço do produto e o coloca no Brasil."
Presidente da CNA, Antonio Ernesto de Salvo, lembra que venceu no último dia 11 o prazo concedido pela Secretaria de Comércio Exterior para que os países exportadores de leite envolvidos na investigação de dumping respondam ao questionário enviado a eles pelo governo brasileiro.
Com base no resultado, o governo deverá fixar tarifas compensatórias à importação.



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