São Paulo, Terça-feira, 01 de Fevereiro de 2000


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OPOSIÇÃO
Procurador considera declarações "despropositadas e injuriosas"
FHC decidirá ação contra Brizola, afirma Brindeiro

da Sucursal de Brasília

O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, afirmou que as declarações do presidente do PDT, Leonel Brizola -que se disse favorável a "passar fogo" no presidente Fernando Henrique Cardoso-, foram "despropositadas e injuriosas" e classificou o fato como criminoso.
Anteontem, Brizola disse, durante festa de comemoração de seus 78 anos, em Porto Alegre (RS), que se houvesse um confronto entre a "esquerda" e a "direita" ele "votaria por passar fogo nesse sujeito (FHC)".
Brizola comparou o presidente a Domingos Calabar, brasileiro que passou para o lado dos holandeses durante a ocupação de Pernambuco, em 1630. Calabar foi enforcado como traidor.
Brindeiro disse ontem que um eventual processo contra o ex-governador fluminense depende de uma requisição pessoal de Fernando Henrique Cardoso.
O trâmite seria o seguinte: FHC pediria ao Ministério da Justiça para entrar em contato com o procurador-geral. Brindeiro, então, processaria Brizola.
Mas FHC decidiu não reagir às declarações do pedetista. O porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, disse ontem que o presidente não iria se manifestar.
O ministro Pedro Parente (Casa Civil) também criticou Brizola. Segundo ele, as declarações são "um desrespeito à democracia". "Vou repetir o que o senador Antonio Carlos Magalhães disse: eu acho que o Brizola quis dizer que ele (Brizola) estaria de fogo".
O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a declaração de Brizola "deve ter sido feita em um momento de forte emoção". "Passada a emoção do aniversário, o Brizola volta à razão", disse.
O presidente nacional do PT, José Dirceu, disse que não comentaria a declaração de Brizola. "Fico constrangido de comentar porque nossa relação (entre Brizola e o PT) está em um ponto quase irreversível.
O presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães, também condenou as declarações do ex-governador. "Ele passar fogo eu compreendo. É que ele estava de fogo, estava bêbado", ironizou.
Sobre a comparação com Domingos Calabar, ACM disse que "todo mundo sabe que não é na medida em que se fala do Calabar como ele é. As figuras da história são controvertidas na época e hoje uma pessoa que começa a ser controvertida é Calabar".


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