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OPOSIÇÃO
Procurador considera declarações "despropositadas e
injuriosas"
FHC decidirá ação contra
Brizola, afirma Brindeiro
da Sucursal de Brasília
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, afirmou
que as declarações do presidente
do PDT, Leonel Brizola -que se
disse favorável a "passar fogo" no
presidente Fernando Henrique
Cardoso-, foram "despropositadas e injuriosas" e classificou o
fato como criminoso.
Anteontem, Brizola disse, durante festa de comemoração de
seus 78 anos, em Porto Alegre
(RS), que se houvesse um confronto entre a "esquerda" e a "direita" ele "votaria por passar fogo
nesse sujeito (FHC)".
Brizola comparou o presidente
a Domingos Calabar, brasileiro
que passou para o lado dos holandeses durante a ocupação de Pernambuco, em 1630. Calabar foi
enforcado como traidor.
Brindeiro disse ontem que um
eventual processo contra o ex-governador fluminense depende de
uma requisição pessoal de Fernando Henrique Cardoso.
O trâmite seria o seguinte: FHC
pediria ao Ministério da Justiça
para entrar em contato com o
procurador-geral. Brindeiro, então, processaria Brizola.
Mas FHC decidiu não reagir às
declarações do pedetista. O porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, disse ontem que o presidente não iria se manifestar.
O ministro Pedro Parente (Casa
Civil) também criticou Brizola.
Segundo ele, as declarações são
"um desrespeito à democracia".
"Vou repetir o que o senador Antonio Carlos Magalhães disse: eu
acho que o Brizola quis dizer que
ele (Brizola) estaria de fogo".
O líder petista Luiz Inácio Lula
da Silva afirmou que a declaração
de Brizola "deve ter sido feita em
um momento de forte emoção".
"Passada a emoção do aniversário, o Brizola volta à razão", disse.
O presidente nacional do PT,
José Dirceu, disse que não comentaria a declaração de Brizola.
"Fico constrangido de comentar
porque nossa relação (entre Brizola e o PT) está em um ponto
quase irreversível.
O presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães, também
condenou as declarações do ex-governador. "Ele passar fogo eu
compreendo. É que ele estava de
fogo, estava bêbado", ironizou.
Sobre a comparação com Domingos Calabar, ACM disse que
"todo mundo sabe que não é na
medida em que se fala do Calabar
como ele é. As figuras da história
são controvertidas na época e hoje uma pessoa que começa a ser
controvertida é Calabar".
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