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Lula aposta em cargos para recompor base
Presidente avalia que reforma ministerial reagrupa mais a coalizão do que a interferência direta na eleição da Câmara
Batalha entre Chinaglia e Aldo reflete demarcação de terreno para 2010 que opõe Ciro Gomes, representando as siglas aliadas, e petistas
KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A PARNAMIRIM
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lavou as mãos na
eleição para a presidência da
Câmara por avaliar que o preço
de uma intervenção seria maior
do que usar a reforma ministerial para recompor sua base de
apoio congressual, pois os seus
principais operadores na Casa
se dividiram em dura disputa.
A guerra Aldo-Chinaglia reflete ainda demarcação de terreno entre os aliados pela candidatura presidencial de 2010
-Lula não poderá concorrer.
De um lado, Ciro Gomes (PSB),
apoiando o atual presidente da
Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP). Do outro, o PT tentando
recuperar poder após o escândalo do mensalão com a eleição
do líder do governo Arlindo
Chinaglia (SP). Forte na Câmara, a sigla quer determinar a escolha do candidato em 2010.
Em conversas reservadas,
Lula demonstra contrariedade
com o clima da disputa. Desejava que o "governo de coalizão",
composto por 11 partidos, tivesse apresentado um único candidato, mas se afastou da disputa quando Chinaglia firmou
acordo com o PMDB.
Hoje, o Planalto avalia que, se
houver segundo turno, será entre dois aliados e que isso favorece Lula apesar das feridas a
curar no "day after".
Lula crê que os ganhadores
tendem a ser patrocinadores do
acordo PT-PMDB. Se vitoriosos, os dois partidos formarão o
novo núcleo em torno do qual
gravitarão outras forças aliadas
na Câmara -PR (ex-PL), PTB e
PP se unirão à aliança para dar
a Lula base mais coesa do que
no primeiro mandato.
O antigo bloco oposicionista
do PMDB criou um pólo de poder na Câmara que equilibrou o
jogo interno com as forças do
Senado, apoiando um governo
com um grau de unidade inédito nos últimos 12 anos. Sempre
divididos, peemedebistas participaram do governo Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002) e dos quatro primeiros
anos de Lula (2003-2006).
Lula tem dito que não está
chateado com Aldo, que nos
bastidores se disse abandonado
pelo presidente. Pode arrumar
lugar para ele no primeiro escalão, apesar da resistência do PT,
por avaliar que ele lhe foi fiel no
escândalo do mensalão.
O racha na Câmara não deverá afetar a tramitação do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento). Chinaglia já disse que priorizará as medidas na
pauta congressual. Aldo fará o
mesmo, buscando, porém, ouvir mais a oposição.
2010 e 2014
Deputado federal eleito, o ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE)
atuou com agressividade na defesa de Aldo. Ganhou pontos
para ser um presidenciável de
eventual aliança PSB-PC do B-PDT em 2010. Mas queimou
pontes no PT e dificilmente será candidato com apoio da sigla.
A hostilidade de Ciro ao PT
busca deixar portas abertas para futuro entendimento com
setores do PSDB e PFL.
Nas conversas sobre reeleição, Lula, ministros e aliados já
aventaram chapas em 2010
com Ciro na cabeça e a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy na vice. O contrário também. O governador da Bahia,
Jaques Wagner, é o outro presidenciável da hora no PT.
A hipótese de dois candidatos do atual campo governista
em 2010 não seria ruim para
Lula, dizem ministros. Ele teria
dois postulantes a defendê-lo.
Em caso de derrota, os dois nomes perderiam força para 2014,
quando Lula poderia ainda ser
o reaglutinador dessas forças
políticas se sair bem-avaliado
do governo daqui a quatro anos.
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