|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hábil no PT, mas explosivo no plenário
Com a façanha de evitar inimizades, Chinaglia teve apoio de mensaleiros
Petista desafiou a tese de que Aldo era o candidato escolhido pelo presidente e pelo Planalto: "O preferido de Lula é quem ganhar"
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Arlindo Chinaglia (PT-SP),
58, diz que foi ele quem iniciou
o ex-ministro Antonio Palocci
na política, nos anos 70, quando presidia o Sindicato dos Médicos de São Paulo. "De lá para
cá o Palocci se tornou um craque. Não porque é inteligente,
mas porque é calmo. Isso é um
perigo", afirma.
A calma do antigo pupilo é
um objetivo que Chinaglia persegue e não alcança. Às vezes,
parece sofrer de "dupla personalidade política". Dentro do
PT, é um articulador hábil, que
convive bem com todas as tendências, sem grandes inimigos
internos. Uma façanha.
Fora das instâncias partidárias, Chinaglia é explosivo.
Mandou Aécio Neves (PSDB)
"calar a boca" numa discussão
em 1998. Ameaçou "dar porrada" em José Lourenço (PFL-BA) numa sessão sobre reforma da Previdência. Já trocou
barrigadas com Inocêncio Oliveira (PR-PE) no plenário.
Em 1995, o ano em que estreou na mídia nacional, denunciou fraudes no caso Sivam
e derrubou o então secretário
de Acompanhamento Econômico, José Milton Dallari.
No governo FHC, se havia alguma chance de CPI, era com
ele. Tentou emplacar várias, geralmente sem sucesso.
A experiência lhe valeu um
lugar de destaque na operação-abafa montada em 2005, quando estourou o escândalo nos
Correios. "Eu já estive do outro
lado, sei do poder que o governo tem", disse, à época.
Petistas o classificam como
um obstinado, mas que toma
cuidado para não avançar a um
ponto que não permita reconciliação futura. Já esteve do lado
oposto a figuras de proa do partido: José Dirceu, Marta Suplicy, José Genoino, e Ricardo
Berzoini. Hoje, todos o apóiam.
Nomeou Cândido Vaccarezza
(PT-SP), antigo rival, coordenador da campanha.
Sua candidatura foi obra metódica de engenharia política.
Pôs-se primeiro a costurar o
apoio do PT, vencendo resistências, por exemplo, de Marco
Aurélio Garcia e Tarso Genro.
Desafiou a noção de que Aldo
Rebelo era o preferido de Lula.
"Conheço o Lula há tempo suficiente para saber que o que ele
mais gosta é de contrariar a opinião que as pessoas têm do que
pensa", disse, numa reunião. "O
preferido de Lula não é Aldo
nem eu. É quem ganhar."
Ao montar seu comando político, privilegiou parlamentares especialistas em saber o que
pedem os deputados.
Viu-se cercado de "mensaleiros" que defendeu tenazmente
durante a crise, como João
Paulo (PT-SP), José Mentor
(PT-SP) e Paulo Rocha (PT-PA). O ex-líder do PP, José Janene (PR), acusado de ser um
dos operadores do esquema, foi
peça-chave para garantir o
apoio oficial do PP ao petista.
Dirceu, interessado em retomar os direitos políticos, entrou com tudo na campanha.
De azarão a favorito, traçou
uma estratégia que incluía conquistar um partido por vez. Segundo amigos, o grave acidente
de carro que sofreu há oito meses suavizou sua personalidade
explosiva. Hoje, é chamado até
de "Arlindo paz e amor".
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Frase Índice
|