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IGREJA
Representação na nova legislatura cresce de 27 deputados para 44; Universal lidera com 16 parlamentares
Bancada evangélica cresce 63% na Câmara
Cabo Júlio, deputado federal evangélico pelo PL de Minas
CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local
Os evangélicos
aumentaram em
63% sua presença na Câmara.
Na legislatura
que começa
amanhã, eles serão 44 parlamentares, a maior bancada evangélica da história. Atualmente, são
27 deputados federais.
Os números refletem o crescimento das igrejas evangélicas no
Brasil e a postura mais agressiva
que muitas delas têm adotado em
relação à participação política.
Apesar da expansão, os evangélicos ainda estão sub-representados
na Câmara. Estima-se que eles representem de 13% a 15% da população brasileira. Os 44 parlamentares equivalem a 8,57% dos 513 deputados federais.
Entre as igrejas evangélicas, a
Universal do Reino de Deus foi a
grande vitoriosa das últimas eleições: passou de 6 para 14 deputados e desbancou a Assembléia de
Deus do primeiro lugar no ranking
do número de representantes.
A Assembléia de Deus, a maior
igreja pentecostal do país, foi a que
mais perdeu, em termos relativos.
Terá 7 deputados, 3 a menos que o
número atual.
Ela passa, a partir de hoje, para o
terceiro lugar entre as maiores
bancadas evangélicas, atrás da
Igreja Batista, que terá oito de seus
membros na Câmara -o dobro
do número atual.
²
Constituinte
A presença dos evangélicos no
Congresso começou a se expandir
em 1986, com a eleição dos parlamentares que iriam integrar o
Congresso constituinte.
A participação foi impulsionada
pelo boato de que havia um movimento para transformar o catolicismo em religião oficial do Brasil.
Naquele ano, foram eleitos 32 deputados federais evangélicos. Na
eleição de 90, o número diminuiu
um pouco e, em 1994, chegou a 27.
"Na Constituinte, os evangélicos
substituíram o bordão "crente não
se mete em política' pelo "irmão
vota em irmão'", diz o sociólogo
Ricardo Mariano, autor de uma tese sobre o neopentecostalismo.
O "irmão vota em irmão' tem força principalmente nas igrejas pentecostais ou neopentecostais, como a Assembléia de Deus e a Evangelho Quadrangular.
Mas em nenhuma delas a prática
é levada tão a sério quanto na Universal. A igreja tem candidatos oficiais, exerce rígido controle sobre
sua escolha e permite a campanha
eleitoral explícita no interior dos
templos.
²
Estratégia política
Essa prática é responsável por
grande parte do sucesso eleitoral
da igreja Universal.
"O crescimento da Universal era
previsível porque ela é a única igreja que tem uma estratégia política
definida", afirma o deputado federal Salatiel Carvalho (PPB-PE), da
Assembléia.
A estratégia inclui a limitação do
número de candidatos por região,
para evitar a pulverização dos votos dos fiéis. Carvalho observa que
essa prática não existe na Assembléia e em nenhuma outra grande
igreja evangélica.
"Só em Pernambuco, a Assembléia de Deus tinha seis candidatos
a deputado federal", diz. E compara: "A Universal racionaliza e divide os espaços".
Em sua opinião, a igreja tem suas
razões para agir dessa forma. "A
Universal tem a TV Record, tem
outras empresas. Por isso, precisa
ocupar espaço político, precisa
barganhar com o governo."
Apesar da identidade religiosa, a
"bancada evangélica" não deve ter
uma atuação unificada em todos
os temas.
Na opinião de Ricardo Mariano e
de parlamentares evangélicos, essa
união deve ocorrer em relação a
propostas que afetem a moral cristã ou que possam ameaçar o funcionamento das igrejas.
²
União contra projeto
No primeiro caso, está, por
exemplo, o projeto de união civil
entre pessoas do mesmo sexo,
apresentado pela deputada federal
Marta Suplicy (PT-SP).
A proposta encontra resistência
até entre petistas evangélicos
-minoria absoluta na bancada.
"Hoje eu teria dificuldade de votar
o projeto", afirma o deputado federal eleito Gilmar Machado (PT-MG), batista há 22 anos.
O projeto que limitava a emissão
de ruídos, aprovado no ano passado, é um exemplo clássico de proposta que pode atrapalhar o funcionamento das igrejas.
A bancada evangélica se uniu
contra o que considerou uma
ameaça à realização de cultos e obteve o veto do presidente Fernando
Henrique Cardoso ao texto.
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