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CASO CC-5
Delegado investigava Youssef, acusado de fraude
Doleiro pagou diárias de hotel para delegado federal no Paraná, diz PF
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A pedido do Ministério Público
Federal, a Polícia Federal, em
Londrina (norte do PR) abriu inquérito para apurar possível envolvimento entre o delegado Nilson Souza e o doleiro Alberto
Youssef, 36, acusado de lavagem
de dinheiro, evasão de divisas e de
participar do esquema de fraude
da Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica).
Youssef pagou quatro diárias de
hotel para o delegado Souza, da
PF. As diárias foram pagas pela
empresa do doleiro, a Youssef
Câmbio e Turismo, quando Nilson Souza trabalhava como delegado federal em Foz do Iguaçu.
O mesmo delegado, transferido
para Londrina no ano passado,
presidia inquéritos em que o doleiro aparece como réu na evasão
de divisas e lavagem de dinheiro.
O pagamento das diárias ao delegado foi descoberto por técnicos da Receita Federal que fizeram um levantamento fiscal nas
movimentações financeiras de
Youssef em suas contas particulares e de sua empresa. O pagamento foi feito em outubro de 1997. A
Agência Folha apurou que o delegado Souza teria ido em Londrina
a uma festa da comunidade árabe.
Ontem, o diretor interino da Divisão da PF em Londrina, Luiz
Pontel de Souza, afastou o delegado dos inquéritos sobre Youssef e
determinou abertura de inquérito
para apurar o recebimento das
diárias. Além de inquérito policial, foi instaurada sindicância administrativa para apurar possível
improbidade do delegado Souza.
Para o procurador da República
em Londrina, Mário Ferreira Leite, o fato de o delegado presidir
inquéritos que apuram responsabilidade de Alberto Youssef configura, "no mínimo, imoralidade".
O procurador pediu a abertura
do inquérito para apurar o envolvimento do delegado com o doleiro após receber documentação da
Receita Federal em que se comprovava o pagamento das diárias,
pela empresa de Youssef, para o
delegado federal Nilson Souza.
Multa
Entre os anos de 1996 e 1999,
Youssef foi autuado e multado
pela Receita Federal em R$ 123
milhões, pela movimentação não
declarada de US$ 53 milhões.
A autuação da Receita Federal
foi baseada no levantamento feito
em suas contas, concluído em dezembro do ano passado.
A multa foi revelada após o procurador da República em Londrina instaurar procedimento para
averiguar a origem do dinheiro
não-declarado pelo doleiro.
Youssef responde, em Londrina e
Maringá, a dezenas de inquéritos
na PF e sofre processos nos Ministérios públicos Federal e Estadual.
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