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São Paulo, sábado, 01 de março de 2003

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CASO CC-5

Delegado investigava Youssef, acusado de fraude

Doleiro pagou diárias de hotel para delegado federal no Paraná, diz PF

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A pedido do Ministério Público Federal, a Polícia Federal, em Londrina (norte do PR) abriu inquérito para apurar possível envolvimento entre o delegado Nilson Souza e o doleiro Alberto Youssef, 36, acusado de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e de participar do esquema de fraude da Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica).
Youssef pagou quatro diárias de hotel para o delegado Souza, da PF. As diárias foram pagas pela empresa do doleiro, a Youssef Câmbio e Turismo, quando Nilson Souza trabalhava como delegado federal em Foz do Iguaçu.
O mesmo delegado, transferido para Londrina no ano passado, presidia inquéritos em que o doleiro aparece como réu na evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
O pagamento das diárias ao delegado foi descoberto por técnicos da Receita Federal que fizeram um levantamento fiscal nas movimentações financeiras de Youssef em suas contas particulares e de sua empresa. O pagamento foi feito em outubro de 1997. A Agência Folha apurou que o delegado Souza teria ido em Londrina a uma festa da comunidade árabe.
Ontem, o diretor interino da Divisão da PF em Londrina, Luiz Pontel de Souza, afastou o delegado dos inquéritos sobre Youssef e determinou abertura de inquérito para apurar o recebimento das diárias. Além de inquérito policial, foi instaurada sindicância administrativa para apurar possível improbidade do delegado Souza.
Para o procurador da República em Londrina, Mário Ferreira Leite, o fato de o delegado presidir inquéritos que apuram responsabilidade de Alberto Youssef configura, "no mínimo, imoralidade".
O procurador pediu a abertura do inquérito para apurar o envolvimento do delegado com o doleiro após receber documentação da Receita Federal em que se comprovava o pagamento das diárias, pela empresa de Youssef, para o delegado federal Nilson Souza.

Multa
Entre os anos de 1996 e 1999, Youssef foi autuado e multado pela Receita Federal em R$ 123 milhões, pela movimentação não declarada de US$ 53 milhões.
A autuação da Receita Federal foi baseada no levantamento feito em suas contas, concluído em dezembro do ano passado.
A multa foi revelada após o procurador da República em Londrina instaurar procedimento para averiguar a origem do dinheiro não-declarado pelo doleiro. Youssef responde, em Londrina e Maringá, a dezenas de inquéritos na PF e sofre processos nos Ministérios públicos Federal e Estadual.


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