São Paulo, domingo, 01 de março de 2009

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Lobão recua e diz que diretoria de fundo de Furnas não mudará

Em nota, ministro afirma que Fundação Real Grandeza não terá alterações até outubro, quando acaba o mandato da atual gestão

Desde 2007, bancada do PMDB do Rio na Câmara tenta fazer indicações no fundo, que tem patrimônio de cerca de R$ 6,3 bilhões

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de ter sido enquadrado pelo presidente Lula, o PMDB oficializou o recuo na tentativa de substituir a direção da Fundação Real Grandeza, fundo de pensão dos empregados da estatal Furnas Centrais Elétricas e de parte dos funcionários da Eletronuclear.
O ministro Edison Lobão (Minas e Energia), a quem as duas empresas do setor elétrico estão subordinadas, divulgou nota ontem afirmando que comunicou ao presidente Lula que não haverá mudanças no comando do fundo até outubro deste ano, quando termina o mandato da atual gestão.
A bancada fluminense do PMDB na Câmara, capitaneada por Eduardo Cunha, vem tentando desde 2007 substituir Sérgio Wilson Ferraz Fontes e Ricardo Gurgel Nogueira, presidente e diretor de investimento do fundo, respectivamente, por indicações do partido. O interesse dos peemedebistas é gerir o patrimônio da fundação, avaliado em aproximadamente R$ 6,3 bilhões.
Eduardo Cunha, entretanto, negou ontem que tenha atuado para substituir a diretoria do fundo. Disse que, como não participou do "embate", não iria fazer nenhum comentário sobre a decisão de Lobão.
"Não participei de nenhuma iniciativa e por isso não tenho que falar nada", disse o deputado, que comanda a bancada de dez peemedebistas do Rio.
Cunha foi o responsável por indicar o ex-presidente de Furnas Luiz Paulo Conde, substituído no ano passado por Carlos Nadalutti Filho, que também é da cota do PMDB.
O Conselho Deliberativo da fundação vetou as investidas do PMDB para substituir Sérgio Wilson e Ricardo Gurgel Nogueira em 2007 e 2008.
Conforme a Folha publicou anteontem, o conselheiro Wilson Neves, representante da Eletronuclear, disse que o regimento interno determina que um assunto vetado pelo conselho só pode voltar à pauta com apoio de ao menos 4 dos 6 conselheiros titulares -três deles são eleitos, dois são indicados por Furnas e um é indicado pela Eletronuclear.
Na quinta-feira, funcionários e aposentados de Furnas fizeram uma manifestação em frente à sede da empresa, no Rio, com críticas ao PMDB e ao ministro Lobão.
A gestão da fundação anterior à atual deixou um prejuízo de R$ 153 milhões devido a aplicações em títulos do Banco Santos, liquidado pelo Banco Central. A fundação também foi alvo de investigação pela CPI dos Correios, em 2005.
Na quinta-feira mesmo, Lula se reuniu com Lobão e colocou ao ministro sua insatisfação com as pressões do PMDB sobre a Real Grandeza. Os dois concordaram, segundo a Folha apurou, que o melhor era adiar a decisão sobre mudanças na direção do fundo.
Na nota de ontem, contudo, o ministro disse que a decisão de suspender as mudanças até outubro foi dele. "O senhor presidente da República aprovou integralmente a posição do ministro", afirmou o texto.
"Por último, o ministro Edison Lobão mantém o entendimento de que o assunto deve ser tratado no âmbito da direção das patrocinadoras Furnas e Eletronuclear com a Fundação Real Grandeza, seguindo-se o que estabelecem as regras legais e estatutárias."
Na quinta-feira, o Ministério de Minas e Energia disse que estuda a possibilidade de pedir que a CGU (Controladoria Geral da União) faça uma auditoria no fundo de pensão.
Segundo a pasta, Furnas teria pedido em outubro informações sobre o desempenho das aplicações financeiras do fundo e não obteve resposta.


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