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Lobão recua e diz que diretoria de fundo de Furnas não mudará
Em nota, ministro afirma que Fundação Real Grandeza não terá alterações até outubro, quando acaba o mandato da atual gestão
Desde 2007, bancada do PMDB do Rio na Câmara tenta fazer indicações no fundo, que tem patrimônio de cerca de R$ 6,3 bilhões
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de ter sido enquadrado pelo presidente Lula, o
PMDB oficializou o recuo na
tentativa de substituir a direção da Fundação Real Grandeza, fundo de pensão dos empregados da estatal Furnas Centrais Elétricas e de parte dos
funcionários da Eletronuclear.
O ministro Edison Lobão
(Minas e Energia), a quem as
duas empresas do setor elétrico
estão subordinadas, divulgou
nota ontem afirmando que comunicou ao presidente Lula
que não haverá mudanças no
comando do fundo até outubro
deste ano, quando termina o
mandato da atual gestão.
A bancada fluminense do
PMDB na Câmara, capitaneada
por Eduardo Cunha, vem tentando desde 2007 substituir
Sérgio Wilson Ferraz Fontes e
Ricardo Gurgel Nogueira, presidente e diretor de investimento do fundo, respectivamente, por indicações do partido. O interesse dos peemedebistas é gerir o patrimônio da
fundação, avaliado em aproximadamente R$ 6,3 bilhões.
Eduardo Cunha, entretanto,
negou ontem que tenha atuado
para substituir a diretoria do
fundo. Disse que, como não
participou do "embate", não
iria fazer nenhum comentário
sobre a decisão de Lobão.
"Não participei de nenhuma
iniciativa e por isso não tenho
que falar nada", disse o deputado, que comanda a bancada de
dez peemedebistas do Rio.
Cunha foi o responsável por
indicar o ex-presidente de Furnas Luiz Paulo Conde, substituído no ano passado por Carlos Nadalutti Filho, que também é da cota do PMDB.
O Conselho Deliberativo da
fundação vetou as investidas do
PMDB para substituir Sérgio
Wilson e Ricardo Gurgel Nogueira em 2007 e 2008.
Conforme a Folha publicou
anteontem, o conselheiro Wilson Neves, representante da
Eletronuclear, disse que o regimento interno determina que
um assunto vetado pelo conselho só pode voltar à pauta com
apoio de ao menos 4 dos 6 conselheiros titulares -três deles
são eleitos, dois são indicados
por Furnas e um é indicado pela Eletronuclear.
Na quinta-feira, funcionários
e aposentados de Furnas fizeram uma manifestação em
frente à sede da empresa, no
Rio, com críticas ao PMDB e ao
ministro Lobão.
A gestão da fundação anterior à atual deixou um prejuízo
de R$ 153 milhões devido a
aplicações em títulos do Banco
Santos, liquidado pelo Banco
Central. A fundação também
foi alvo de investigação pela
CPI dos Correios, em 2005.
Na quinta-feira mesmo, Lula
se reuniu com Lobão e colocou
ao ministro sua insatisfação
com as pressões do PMDB sobre a Real Grandeza. Os dois
concordaram, segundo a Folha
apurou, que o melhor era adiar
a decisão sobre mudanças na
direção do fundo.
Na nota de ontem, contudo,
o ministro disse que a decisão
de suspender as mudanças até
outubro foi dele. "O senhor
presidente da República aprovou integralmente a posição do
ministro", afirmou o texto.
"Por último, o ministro Edison Lobão mantém o entendimento de que o assunto deve
ser tratado no âmbito da direção das patrocinadoras Furnas
e Eletronuclear com a Fundação Real Grandeza, seguindo-se o que estabelecem as regras
legais e estatutárias."
Na quinta-feira, o Ministério
de Minas e Energia disse que
estuda a possibilidade de pedir
que a CGU (Controladoria Geral da União) faça uma auditoria no fundo de pensão.
Segundo a pasta, Furnas teria pedido em outubro informações sobre o desempenho
das aplicações financeiras do
fundo e não obteve resposta.
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