|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministro do TCU autorizou verba adicional à Camargo Corrêa
Com decisão de Augusto Nardes, limite do pagamento extra para obra da eclusa da hidrelétrica de Tucuruí passou de R$ 62 milhões para R$ 155 milhões
HUDSON CORRÊA
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em decisões sucessivas, o
ministro do Tribunal de Contas
da União (TCU) Augusto Nardes mudou duas vezes de opinião e permitiu à Camargo Corrêa obter um pagamento extra
maior no contrato para a construção da eclusa da hidrelétrica
de Tucuruí, no Pará, obra incluída no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
O limite do pagamento adicional passou de R$ 62 milhões
para R$ 155 milhões com as decisões do ministro, segundo o
Dnit (Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes). A mudança foi possível
porque, nas decisões de Nardes, passou de R$ 248 milhões
para R$ 620 milhões o valor do
contrato inicial da obra. É sobre esse valor que deve ser calculado o limite máximo de 25%
para acertos adicionais ao contrato. Esse percentual é fixado
pela Lei de Licitações.
O contrato foi assinado em
1981 no valor de Cr$ 9 bilhões e
alterado em 1998. Por isso, surgiram dúvidas sobre suas formas de reajuste e coube ao TCU
decidir as pendências.
Como a última decisão de
Nardes foi em dezembro passado, o pagamento extra maior à
Camargo Corrêa ainda não
ocorreu e será definido em negociação com o Dnit, podendo
ser inferior a R$ 155 milhões.
Na sua primeira decisão, de
agosto de 2006, o ministro disse que o cálculo de reajuste de
preços na obra deveria ser feito
sobre o valor de R$ 248 milhões. Isso permitiria reajuste
máximo de R$ 62 milhões. A
Camargo recorreu, afirmando
que o valor do contrato inicial
era de R$ 366 milhões.
Em junho de 2008, Nardes
aceitou o valor apresentado pela empreiteira. A mudança permitiria reajuste de até R$ 91
milhões na obra. O diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot,
porém, entrou com recurso, dizendo que o valor do contrato
era de R$ 620 milhões.
Em dezembro, Nardes mudou de decisão, afirmando que
o reajuste deveria ser calculado
sobre os R$ 620 milhões.
A Polícia Federal investiga a
Camargo Corrêa por suspeita
de remessa ilegal, superfaturamento de obras públicas e doação ilegal a partidos. A obra da
eclusa será investigada, segundo a Procuradoria.
Funcionário da empresa citado na operação, Guilherme
Cunha Costa, conforme revelou a coluna Painel, atuou para
que o ex-deputado Augusto
Nardes fosse nomeado ministro do TCU, em 2005.
O chefe de gabinete de Nardes, Alden Mangueira de Oliveira, afirmou que o ministro
tomou decisões técnicas e não
tem ligação com a Camargo
Corrêa nem com Costa.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Outro lado: Assessor diz que decisões foram técnicas Índice
|