São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Partidos decidem se coligar em todos os Estados e não incluir legenda do presidenciável nas alianças

PPS pode deixar Ciro, avaliam PDT e PTB

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em uma reunião conjunta de quase três horas em Brasília, o PDT e o PTB decidiram ontem se coligar em todos os Estados, sem incluir o PPS nas alianças.
Mesmo reafirmando apoio ao presidenciável Ciro Gomes (PPS), os dois partidos deixaram clara a desconfiança de que o PPS pode não manter a candidatura a presidente da República, rompendo a Frente Trabalhista.
A possibilidade de o PPS decidir em convenção nacional retirar a candidatura de Ciro Gomes -cogitada por pessoas próximas ao presidente do partido, senador Roberto Freire (PE)- ocupou boa parte da reunião.
"O PPS terá de assumir o ônus histórico dessa decisão", afirmou o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ). "Isso seria uma violência [a retirada da candidatura". Ciro Gomes não pode ficar refém de uma convenção", disse o presidente do PTB, deputado José Carlos Martinez (PR).
Na reunião, petebistas e pedetistas atacaram Freire, que pouco antes havia divulgado uma nota oficial defendendo a manutenção da frente PPS, PDT e PTB, mas criticando o "espírito de intolerância", numa referência à decisão dos dois partidos de romper com o PPS nos Estados.
Segundo os presidentes do PDT, Leonel Brizola, e do PTB, não há veto à participação do PPS nos acordos estaduais, mas cada caso será analisado individualmente. "Não excluímos nenhum partido que esteja aberto ao entendimento", afirmou Brizola.
A crise na Frente Trabalhista foi provocada pelo impasse na escolha do candidato ao governo do Rio Grande do Sul. Brizola, com o apoio do PTB, vetou o nome do ex-governador Antônio Britto (PPS). O nome do PDT -vereador José Fortunati- é tido como inviável eleitoralmente.
Freire disse ontem que vai consultar os diretórios regionais do PPS para saber se a Frente Trabalhista deve ser mantida. O partido se reunirá no dia 9. Os aliados temem que, como Freire tem o comando da legenda, possa inviabilizar a candidatura Ciro Gomes.
"As crises sempre foram geradas pelo PPS. Mais do que esgarçar, ele chutou para fora o PFL e agora o PDT", afirmou Jefferson.
O PDT e o PTB decidiram que as alianças estaduais poderão levar à fusão dos dois partidos, já negociada -sem sucesso- há cerca de dois anos.

São Paulo
Os partidos da Frente Trabalhista em São Paulo são contra o racha com o PPS. Líderes dos três partidos no Estado sustentam que as negociações entre os diretórios já estão avançadas, com chapas praticamente fechadas para as eleições proporcionais.
"Já tivemos um problema seríssimo, que foi a verticalização das alianças. Não podemos ter outro baque", afirmou o vice-presidente do PTB, Campos Machado.
Com a verticalização, tanto o PTB como o PPS alteraram seus planos de aliar-se com o PSDB, do governador Geraldo Alckmin. O presidente estadual do PPS, Arnaldo Jardim, disse que "as imposições de cima para baixo encerram-se com a verticalização".
Para o presidente estadual do PDT, José Roberto Batocchio, "não há motivo para que a questão do Rio Grande do Sul interfira em São Paulo". "Não entendo por que o [Roberto] Freire insiste nisso [candidatura de Britto]."


Colaborou JULIA DUAILIBI, da Reportagem Local



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