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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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BAHIAGATE

Mesa Diretora da Casa aplicará apenas censura por escrito ao pefelista

Em decisão inédita, Senado arquiva processo contra ACM

Alan Marques/Folha Imagem
Senador ACM, que teve arquivado processo contra si no Senado


RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa decisão inédita, tomada ontem às pressas, no início da noite, a Mesa Diretora do Senado recusou o pedido de abertura de processo por quebra de decoro contra o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), aprovado na véspera pelo Conselho de Ética da Casa, e decidiu aplicar apenas uma censura escrita ao baiano.
Contra o ato da Mesa -que significou, na prática, o arquivamento do pedido de processo contra ACM- será apresentado recurso ao plenário por senadores de partidos governistas. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que acolherá o recurso, ainda que seja apresentado por apenas um senador. Pelo regimento, seriam necessários nove.
Por 5 votos a 2, a Mesa aprovou a proposta de Sarney de encaminhar uma "notícia crime" ao STF (Supremo Tribunal Federal), pedindo a apuração de suposto envolvimento de ACM com escutas telefônicas clandestinas realizadas na Bahia.
Apenas Paulo Paim (PT-RS), 1º vice-presidente, e Sérgio Zambiasi (PTB-RS), 4º secretário, votaram pela abertura do processo contra ACM. Seguiram Sarney os senadores Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO), 2º vice-presidente, Romeu Tuma (PFL-SP), 1º secretário, Alberto Silva (PMDB-MA), 2º secretário, e Heráclito Fortes (PFL-PI), 3º secretário, designado relator.
De acordo com ofício ao STF assinado por Sarney, o relatório do conselho aponta suspeitas de envolvimento de ACM num "delito comum", praticado antes de sua eleição para o Senado. Alega que, por isso, a competência da apuração é do STF e não do Senado.

Censura
Segundo Sarney, a censura foi aplicada a ACM pela divulgação de "documentos de origem duvidosa" por ele a um jornalista, nas dependências da Casa.
ACM confirma que tenha entregue ao jornalista da revista "IstoÉ" Luiz Cláudio Cunha relatório com supostas transcrições de conversas telefônicas do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) gravadas ilegalmente. Os dois se encontraram no Senado.
"Trata-se de fato anterior à eleição e à posse do hoje senador Antonio Carlos Magalhães, que ocorreu em 1º de fevereiro de 2003. Entretanto, esse episódio ocorreu nas dependências do Senado Federal, o que é lamentável", disse Heráclito no parecer.
"Os senadores podem fazer política, o Senado, não.(...) Sempre pautei a presidência dessa Casa pelo cumprimento do regimento e da Constituição. E, pela Constituição, se um parlamentar é acusado de um crime, a competência para julgá-lo é do Supremo", disse Sarney. "O episódio foi traumático, mas cumprimos nosso dever", afirmou.


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