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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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MEMÓRIA

Conhecido por suas posições nacionalistas, em 1993 político defendeu a manutenção do monopólio da Petrobras

Ex-vice-presidente Aureliano Chaves morre aos 74

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Morreu às 12h30 de ontem, em Belo Horizonte, aos 74 anos, o ex-governador de Minas e ex-vice-presidente da República do governo João Baptista Figueiredo (1979-85), o último do ciclo militar, Aureliano Chaves.
Diabético, ele estava internado desde o último dia 14 de abril com insuficiência cardíaca e infecção respiratória. No último dia 26, realizou cirurgia no pé esquerdo para o restabelecimento da circulação sanguínea. Ele tinha "pé diabético" (problema circulatório associado à doença), segundo seu médico, e há alguns anos vinha fazendo tratamento. Sua morte ocorreu em decorrência de uma falência múltipla de órgãos.
Boa parte desses últimos dias Aureliano. passou ao lado da família no hospital Socor. As visitas eram restritas aos parentes e aos amigos mais próximos.
O corpo do ex-vice-presidente foi levado no início da noite para o Palácio da Liberdade, sede do governo de Minas, onde será velado até a manhã de hoje. Por volta das 7h, o corpo deve seguir para Três Pontas, sua cidade natal, seguindo depois para Itajubá, a cerca de 160 km, onde deve ser enterrado no final da tarde. Na cidade está enterrada a mulher de Aureliano, Minervina Sanches de Mendonça.

Carreira política
Mineiro de Três Pontas, Antônio Aureliano Chaves de Mendonça nasceu em 13 de janeiro de 1929. Filho de um dentista e de uma dona-de-casa, teve seis irmãos.
Formado em engenharia, fez quase toda a sua carreira política durante o regime militar (1964-1985). Nesse período, foi deputado federal, governador de Minas Gerais e vice-presidente de Figueiredo.
A primeira eleição que disputou foi em 1958, pela UDN. Em 1966, foi eleito deputado federal pela Arena, partido de sustentação do regime militar. Dois anos depois, votou contra o pedido de autorização feito pelo governo militar para processar o deputado Márcio Moreira Alves, que havia criticado o governo federal em um discurso no Congresso. O episódio foi o estopim para a edição do AI-5.
Na época em que presidiu a Comissão de Minas e Energia da Câmara, conheceu o então presidente da Petrobras, general Ernesto Geisel , de quem se tornou amigo. Quando assumiu a Presidência, em 1974, Geisel indicou seu nome para o governo de Minas Gerais e, com seu apoio, Aureliano foi indicado para vice-presidente do general Figueiredo na sucessão presidencial.
Já vice-presidente da República, Aureliano filiou-se ao PDS após o fim do bipartidarismo, em 1979. Em 1981, o presidente Figueiredo sofreu um infarto, o que levou Aureliano a assumir a Presidência por 49 dias.
Durante as movimentações da sucessão presidencial, participou da criação da Frente Liberal, grupo que reunia políticos do PDS contrários à indicação de Paulo Maluf à sucessão de Figueiredo, que viria a se transformar no PFL.
A Frente Liberal uniu-se ao PMDB e formou a Aliança Democrática, que lançou o nome do governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, para a Presidência da República, indicando José Sarney como vice.
Com a morte de Tancredo e posse de Sarney, Aureliano Chaves ocupou o cargo de ministro das Minas e Energia (1985-1988).
Em 1989, com a volta das eleições diretas, lançou-se candidato à Presidência pelo PFL. Abandonado pelo partido, que aderiu a Fernando Collor, teve 0,9% dos votos, ficou em nono lugar e nem mesmo venceu em sua terra natal.
Nacionalista convicto, durante o governo Itamar se empenhou na defesa do monopólio estatal do petróleo e da Petrobras como sua executora exclusiva. Em artigo publicado em 1993, afirmou que o monopólio ainda era fundamental à consolidação do desenvolvimento nacional.


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