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MEMÓRIA
Conhecido por suas posições nacionalistas, em 1993 político defendeu a manutenção do monopólio da Petrobras
Ex-vice-presidente Aureliano Chaves morre aos 74
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Morreu às 12h30 de ontem, em
Belo Horizonte, aos 74 anos, o ex-governador de Minas e ex-vice-presidente da República do governo João Baptista Figueiredo
(1979-85), o último do ciclo militar, Aureliano Chaves.
Diabético, ele estava internado
desde o último dia 14 de abril com
insuficiência cardíaca e infecção
respiratória. No último dia 26,
realizou cirurgia no pé esquerdo
para o restabelecimento da circulação sanguínea. Ele tinha "pé diabético" (problema circulatório associado à doença), segundo seu
médico, e há alguns anos vinha fazendo tratamento. Sua morte
ocorreu em decorrência de uma
falência múltipla de órgãos.
Boa parte desses últimos dias
Aureliano. passou ao lado da família no hospital Socor. As visitas
eram restritas aos parentes e aos
amigos mais próximos.
O corpo do ex-vice-presidente
foi levado no início da noite para
o Palácio da Liberdade, sede do
governo de Minas, onde será velado até a manhã de hoje. Por volta
das 7h, o corpo deve seguir para
Três Pontas, sua cidade natal, seguindo depois para Itajubá, a cerca de 160 km, onde deve ser enterrado no final da tarde. Na cidade
está enterrada a mulher de Aureliano, Minervina Sanches de
Mendonça.
Carreira política
Mineiro de Três Pontas, Antônio Aureliano Chaves de Mendonça nasceu em 13 de janeiro de
1929. Filho de um dentista e de
uma dona-de-casa, teve seis irmãos.
Formado em engenharia, fez
quase toda a sua carreira política
durante o regime militar (1964-1985). Nesse período, foi deputado federal, governador de Minas
Gerais e vice-presidente de Figueiredo.
A primeira eleição que disputou
foi em 1958, pela UDN. Em 1966,
foi eleito deputado federal pela
Arena, partido de sustentação do
regime militar. Dois anos depois,
votou contra o pedido de autorização feito pelo governo militar
para processar o deputado Márcio Moreira Alves, que havia criticado o governo federal em um
discurso no Congresso. O episódio foi o estopim para a edição do
AI-5.
Na época em que presidiu a Comissão de Minas e Energia da Câmara, conheceu o então presidente da Petrobras, general Ernesto
Geisel , de quem se tornou amigo.
Quando assumiu a Presidência,
em 1974, Geisel indicou seu nome
para o governo de Minas Gerais e,
com seu apoio, Aureliano foi indicado para vice-presidente do general Figueiredo na sucessão presidencial.
Já vice-presidente da República,
Aureliano filiou-se ao PDS após o
fim do bipartidarismo, em 1979.
Em 1981, o presidente Figueiredo
sofreu um infarto, o que levou
Aureliano a assumir a Presidência
por 49 dias.
Durante as movimentações da
sucessão presidencial, participou
da criação da Frente Liberal, grupo que reunia políticos do PDS
contrários à indicação de Paulo
Maluf à sucessão de Figueiredo,
que viria a se transformar no PFL.
A Frente Liberal uniu-se ao
PMDB e formou a Aliança Democrática, que lançou o nome do governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, para a Presidência
da República, indicando José Sarney como vice.
Com a morte de Tancredo e
posse de Sarney, Aureliano Chaves ocupou o cargo de ministro
das Minas e Energia (1985-1988).
Em 1989, com a volta das eleições diretas, lançou-se candidato
à Presidência pelo PFL. Abandonado pelo partido, que aderiu a
Fernando Collor, teve 0,9% dos
votos, ficou em nono lugar e nem
mesmo venceu em sua terra natal.
Nacionalista convicto, durante
o governo Itamar se empenhou
na defesa do monopólio estatal do
petróleo e da Petrobras como sua
executora exclusiva. Em artigo
publicado em 1993, afirmou que o
monopólio ainda era fundamental à consolidação do desenvolvimento nacional.
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