São Paulo, sábado, 01 de maio de 2004

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RETÓRICA OFICIAL

Em Ribeirão Preto, presidente elogia a gestão do peemedebista, aliado de seu governo, e repete piada

Sarney cuidava de estradas, FHC não, diz Lula

JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO (SP)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou ontem de forma elogiosa o governo de José Sarney (1985-1990). E voltou a criticar a gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) em razão dos gargalos na infra-estrutura que diz ter encontrado ao assumir.
Ao afirmar que, "nos últimos anos, nem a manutenção das estradas foi feita", Lula disse que o período em que mais houve recuperação foi no governo Sarney.
"Vamos começar a recuperar 7,8 mil km. É importante começar a lembrar que antes deste ano, o ano com mais recuperação de estradas, no total, foi no governo Sarney, quando foram recuperados 5 mil km", afirmou, em visita à Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), na companhia dos ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Roberto Rodrigues (Agricultura).
Para um público de cerca de 200 empresários e produtores rurais, o presidente disse que o país "não estava tão preparado como parecia estar para a competitividade". Segundo Lula, "nossos gargalos para exportação estão truncados". "Na medida em que o Brasil cresce um pouco mais, nós temos problemas sérios nos portos."
Importante aliado do governo e atual presidente do Senado, Sarney (PMDB-AP) pleiteia a reeleição. Sem consenso em seu partido, pretende ter o apoio de Lula.
Em Brasília, Sarney também se referiu ao presidente, dizendo que "alguns setores do país estão sendo mais severos e exigentes com Lula do que em outros momentos". Afirmou ainda que não tem ""fobia" de seguir na presidência do Senado após o término de seu mandato, em fevereiro de 2005.
""Aceitei ser candidato a presidente do Senado [em fevereiro de 2003] para ajudar o governo. Não tenho fobia de continuar, mas, a essa altura, não vou entrar em luta para ser presidente novamente."
Sarney também voltou a defender um reajuste para o salário mínimo maior do que o anunciado, mas rebateu críticas a Lula. ""Todo governo vive suas circunstâncias, e o presidente está fazendo o que pode. Tem enfrentado dificuldades e está se saindo muito bem."

Piada velha
Quatro dias após evento no ABC paulista, Lula praticamente repetiu o discurso em Ribeirão, e até as piadas. A platéia, porém, era outra. Havia moradores de bairro carente da cidade. "Dor de dente no Brasil é coisa de pobre, porque rico cuida dos dentes do dia que nasce até o dia que morre. O pobre não tem condições de fazer obturação", disse, destacando plano de saúde bucal do governo.
Na segunda, ao também apresentar programa de atendimento, havia dado o mesmo exemplo.


Colaborou RAQUEL ULHÔA, da Sucursal de Brasília


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