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Milton Seligman planeja seminário
Ministro quer discutir conflitos
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
Treze dias depois da chegada
da marcha dos sem-terra a Brasília, o ministro interino da Justiça, Milton Seligman, anunciou
ontem que irá convidar a direção
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) para
discutir a violência em áreas de
conflitos fundiários.
Seligman convidará a CUT
(Central Única dos Trabalhadores) e a Contag (Confederação
Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura). Entidades dos proprietários rurais, como a UDR,
terão outra reunião.
O anúncio foi feito por Seligman no final de reunião entre o
ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) e José Rainha Jr.,
líder do MST no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São
Paulo). Rainha defendeu que o
MST aceite o convite.
``Não se trata de pacto ou suspensão das ocupações, o que não
foi o objetivo da reunião, mas eu
acho que nós devemos participar
da reunião com Seligman'', disse. O líder dos sem-terra evitou
falar em nome do MST. Isso porque o motivo da reunião com
Jungmann era acertar a liberação
de R$ 4,7 milhões para a aquisição de uma fábrica de fécula de
mandioca em Sandovalina (640
km a oeste de São Paulo).
O convite foi logo aceito pelo
deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que também é
advogado do MST, e pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
Com a ajuda de Seligman, eles
articularam o encontro. ``Quem
mudou foi o governo'', disse Suplicy, ao lembrar que há oito meses o então ministro da Justiça,
Nelson Jobim, não recebeu o
MST e devolveu documento entregue pela entidade.
Jungmann não aceitou a tese de
que apenas o governo mudou e
que o motivo foi o sucesso da
marcha dos sem-terra em Brasília, promovida no último dia 17.
"O MST também mudou porque conseguimos pactar (sic) soluções em Londrina, Campo
Grande, Sergipe e agora no Pontal do Paranapanema'', disse ele.
Jungmann disse que os ataques
feitos por Rainha -que o chamou de ```canalha'' durante a
marcha- e pelos demais líderes
do MST são ``pura retórica''.
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