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Governo cede para
acelerar a reforma
DENISE MADUEÑO
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
O governo decidiu ceder à pressão de deputados por liberação de
verbas do Orçamento da União de
97, antes da votação dos pontos
polêmicos da reforma da Previdência, prevista para quarta. O
ministro Eliseu Padilha (Transportes) está coordenando as negociações entre as duas partes.
Líderes governistas se reuniram
com Padilha, com o ministro Waldeck Ornélas (Previdência) e com
o secretário-geral da Presidência,
Eduardo Graeff, para analisar a
sessão de anteontem, quando o
governo não conseguiu votar os
pontos polêmicos da reforma.
Os governistas traçaram a estratégia para votar os principais dispositivos, como idade mínima e
redutor de até 30% no valor das
aposentadorias do setor público.
Segundo os governistas, as resistências acabam se forem liberados
recursos orçamentários, principalmente pela Caixa Econômica
Federal, para obras de infra-estrutura e saneamento. "Agilizar esse
processo seria bom", disse o líder
do PSDB, Aécio Neves (MG).
Na votação de anteontem, os governistas constataram que têm garantidos os votos de 301 deputados. Entre 20 e 30 parlamentares
não estavam, mas votariam com o
governo. O voto favorável de outro grupo de 20 a 30 deputados depende da liberação de verba.
Na reunião, Padilha falou por telefone com o presidente da CEF,
Sérgio Cutolo, e pediu um relatório da situação de cada município
que tem convênio com a CEF.
Os deputados argumentam que
perdem votos nas suas bases porque anunciaram a liberação dos
recursos, mas o governo não atendeu as emendas orçamentárias
aprovadas pelo Congresso.
"Político admite até perder dinheiro, mas não votos", afirmou o
líder do PTB, Paulo Heslander
(MG), o porta-voz dos pleitos dos
deputados. Heslander disse que
perdeu votos devido a recursos
prometidos e não liberados.
"Há oito meses o prefeito de
Monte Sião (Mário Márcio Zucatto) assinou um convênio com a
Caixa para saneamento. Até hoje
os recursos não foram liberados.
O prefeito me prometeu 3.000 votos, mas agora só garante 1.000."
O líder faz questão de afirmar
que não vai votar contra a reforma
da Previdência. "A reforma é necessária para o país", disse.
Segundo o petebista Murilo Domingos (MT), nenhuma das suas
15 emendas orçamentárias foram
liberadas. "Pelo que eu sei, ninguém liberou nada", disse.
Para ele, isso não deverá interferir diretamente na votação da reforma. "Seria melhor que o Orçamento aprovado pelo Congresso
fosse cumprido. Vamos tentar
adiantar a votação na semana que
vem e esperamos o cumprimento
do dever do governo", disse.
Ontem, um novo foco dissidente
surgiu no partido do presidente. O
deputado Jovair Arantes
(PSDB-GO) ameaça fazer oposição se o governo não mudar o tratamento com os tucanos goianos.
"Estamos no Congresso votando coisas importantes, mas precisamos de obras para o Estado. Toda moeda tem dois lados."
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