São Paulo, Sábado, 01 de Maio de 1999
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Lopes pode ser julgado por conselho

da Sucursal do Rio

O Corecon-RJ (Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro) abriu ontem processo para julgar a conduta ética do economista Francisco Lopes, ex-presidente do Banco Central, no caso de suposto esquema de venda de informação privilegiada que vem sendo investigado pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bancos.
Se forem comprovadas irregularidades no comportamento de Lopes, o julgamento pode resultar na cassação do registro profissional.
Serão julgados também os economistas responsáveis pelos bancos Marka, Francisco de Assis Moura, e FonteCindam, Joaquim Cândido Gouveia.
O processo foi aberto ontem a pedido do vereador Eliomar Coelho (PT-RJ). O pedido se baseia no capítulo 3 do código de ética do Corecon, que estabelece as regras de conduta que devem ser seguidas pelos profissionais.
"Vamos averiguar se os economistas faltaram com a ética e se algum dos 13 itens do código foi desrespeitado. Isso pode resultar em desde uma advertência até mesmo na cassação do registro profissional", disse o presidente do Corecon-RJ, Eduardo Mendes Callado.
O conselho vai analisar o comportamento ético dos economistas durante a operação de socorro do Banco Central aos bancos Marka e FonteCindam, em janeiro. Na época, Lopes era presidente do Banco Central e comandou o socorro às duas instituições.
Callado não esclareceu, no entanto, quais pontos do código de ética podem ter sido infringidos pelos economistas.
O presidente do Corecon-RJ adiantou que o prazo mínimo para o julgamento de conduta dos envolvidos é de três meses.
Callado afirmou que, se for necessário, vai solicitar informações à Polícia Federal e à CPI dos Bancos para concluir os trabalhos de averiguação.

Envolvidos
Ele disse ainda que outros economistas envolvidos também poderão ser julgados pelo Corecon-RJ se, ao longo das investigações, forem comprovadas irregularidades.
Um dos envolvidos no caso que também poderia ser processado é o economista Rubem Novaes, tido como intermediário entre o Banco Central e os dois bancos no suposto esquema de informações privilegiadas.
Novaes foi um dos acompanhantes do empresário Salvatore Cacciola, dono do Marka, em sua viagem para Brasília, em janeiro, para pedir ajuda financeira do BC após a desvalorização do real.
Outro acompanhante nessa viagem foi o também economista Sérgio Luiz Bragança, amigo do ex-presidente do BC Francisco Lopes. Bragança também poderá ser julgado pelo Corecon-RJ, caso sejam comprovadas irregularidades.


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