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Filme é o próximo lançamento da "Videoteca Folha"
"O Piano" ganhou
Oscar e Cannes
da Redação
Jane Campion começou a se destacar internacionalmente com
"Um Anjo em Minha Mesa"
(1990), mas foi em "O Piano"
-terceiro volume da "Videoteca
Folha" a sair no próximo domingo- que se consagrou em definitivo a diretora.
"O Piano" ganhou a Palma de
Ouro em Cannes, em 1993. Foi a
primeira vez que um filme dirigido
por uma mulher ganhou o mais
importante festival do mundo.
Holly Hunter levou o Oscar de
melhor atriz naquele ano por sua
interpretação de Ada McGrath, a
jovem viúva muda que, na Nova
Zelândia, século 19, casa-se com
um fazendeiro a quem nunca havia encontrado antes (Sam Neill).
O filme ganhou ainda o Oscar de
melhor roteiro original (Jane
Campion) e melhor atriz coadjuvante (Anna Paquin) e foi indicado
nas categorias melhor filme, direção, fotografia, montagem e figurinos.
Essas premiações são ainda mais
significativas quando se lembra
que consagraram um filme de uma
cinematografia com pequena tradição (a da Nova Zelândia).
Elas se devem em boa parte à
sensibilidade com que Campion
trabalhou os elementos de seu
quarto longa-metragem.
Ela conta ali uma história de
triângulo amoroso mediada por
um piano. O objeto tem importância especial para Ada -que é muda, mas não surda: a música é seu
modo de expressão, de contato
com o mundo.
O marido recusa-se a levar o piano para a nova casa. Quem se dispõe a fazê-lo é George Baines (Harvey Keitel), também interessado
em que ela o ensine a tocar.
Para Campion, a mudez, mais do
que uma deficiência pessoal, significa a impossibilidade da mulher
de expressar-se pela palavra.
A música torna-se, assim, um
derivativo, uma maneira de driblar a opressão de um universo
masculino e fechado à compreensão da feminilidade.
Por fim, não há gratuidade na
ambientação do filme numa Nova
Zelândia ainda em fase de colonização: a rusticidade do local compõe o quadro ideal para Campion
desenvolver seu tema.
(IA)
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