São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2006

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EUA negam que a CIA tenha investigado governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil negou que o ex-embaixador americano no país John Danilovich tenha se encontrado com o ex-diretor da Kroll Frank Holder e que a CIA (serviço de inteligência dos EUA) tenha colaborado com a empresa na investigação de autoridades brasileiras.
"O governo dos Estados Unidos não está investigando nenhuma autoridade do governo brasileiro. O governo americano e o governo brasileiro têm uma forte parceria em assuntos bilaterais", disse Phillip Chicola, ministro-conselheiro atualmente encarregado da embaixada americana.
Ele reconheceu, no entanto, que o ministro-conselheiro no Brasil para assuntos comerciais, John Harris, esteve com Holder em dezembro de 2004, a pedido do ex-diretor da Kroll. Chicola afirmou que essa foi a única reunião entre Holder e uma autoridade americana e que Harris recusou-se a "oferecer qualquer tipo de apoio do governo dos Estados Unidos em disputas comerciais envolvendo a Kroll".
O encarregado da Embaixada dos EUA convocou uma entrevista ontem em resposta à reportagem da Folha publicada no último domingo.
Em relatório interno da Kroll, obtido pela Folha, Holder descreveu encontros que teria tido em janeiro do ano passado com Danilovich, Harris e o chefe das operações da CIA para o Brasil.

Lula e ministros
Segundo Holder, as três autoridades americanas teriam tido conversas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e os ex-ministros José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci (Fazenda) sobre a disputa do Opportunity contra os fundos de pensão pelo controle da Brasil Telecom e também sobre a investigação da Polícia Federal contra a Kroll.
O relatório de Holder é bem detalhado. Dá um resumo do que seria a visão de cada uma das autoridades brasileiras citadas no documento sobre o caso Kroll/Opportunity/Brasil Telecom. Ele atribui à CIA informações típicas de investigação. Disse que, segundo a agência de inteligência, haveria entre as autoridades brasileiras quem defendesse os interesses da Telecom Italia, sócia da BrT que também teve atritos com o Opportunity. A CIA teria apurado, de acordo com o relato de Holder, que o senador Romeu Tuma (PFL-SP) encabeçaria o grupo que defenderia os italianos, tendo ajuda do diretor-geral da PF, Paulo Lacerda. Tuma e Lacerda negam qualquer relacionamento com os italianos. Lacerda abriu investigação sobre o caso.
Chicola disse também que nem Danilovich nem qualquer outra autoridade americana conversaram com Lula ou seus ministros sobre o caso Kroll.
Ele rebateu também uma informação de que Holder tenha sido agente da CIA. Segundo ele, Holder foi aluno de uma academia militar dos Estados Unidos por dois anos e depois trabalhou por pouco tempo na embaixada americana em Buenos Aires. (LS)


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