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EUA negam que a CIA tenha investigado governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Embaixada dos Estados
Unidos no Brasil negou que o
ex-embaixador americano no
país John Danilovich tenha se
encontrado com o ex-diretor
da Kroll Frank Holder e que a
CIA (serviço de inteligência dos
EUA) tenha colaborado com a
empresa na investigação de autoridades brasileiras.
"O governo dos Estados Unidos não está investigando nenhuma autoridade do governo
brasileiro. O governo americano e o governo brasileiro têm
uma forte parceria em assuntos
bilaterais", disse Phillip Chicola, ministro-conselheiro atualmente encarregado da embaixada americana.
Ele reconheceu, no entanto,
que o ministro-conselheiro no
Brasil para assuntos comerciais, John Harris, esteve com
Holder em dezembro de 2004,
a pedido do ex-diretor da Kroll.
Chicola afirmou que essa foi a
única reunião entre Holder e
uma autoridade americana e
que Harris recusou-se a "oferecer qualquer tipo de apoio do
governo dos Estados Unidos
em disputas comerciais envolvendo a Kroll".
O encarregado da Embaixada
dos EUA convocou uma entrevista ontem em resposta à reportagem da Folha publicada
no último domingo.
Em relatório interno da
Kroll, obtido pela Folha, Holder descreveu encontros que
teria tido em janeiro do ano
passado com Danilovich, Harris e o chefe das operações da
CIA para o Brasil.
Lula e ministros
Segundo Holder, as três autoridades americanas teriam
tido conversas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e os ex-ministros
José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci (Fazenda) sobre a
disputa do Opportunity contra
os fundos de pensão pelo controle da Brasil Telecom e também sobre a investigação da
Polícia Federal contra a Kroll.
O relatório de Holder é bem
detalhado. Dá um resumo do
que seria a visão de cada uma
das autoridades brasileiras citadas no documento sobre o caso Kroll/Opportunity/Brasil
Telecom. Ele atribui à CIA informações típicas de investigação. Disse que, segundo a agência de inteligência, haveria entre as autoridades brasileiras
quem defendesse os interesses
da Telecom Italia, sócia da BrT
que também teve atritos com o
Opportunity. A CIA teria apurado, de acordo com o relato de
Holder, que o senador Romeu
Tuma (PFL-SP) encabeçaria o
grupo que defenderia os italianos, tendo ajuda do diretor-geral da PF, Paulo Lacerda. Tuma
e Lacerda negam qualquer relacionamento com os italianos.
Lacerda abriu investigação sobre o caso.
Chicola disse também que
nem Danilovich nem qualquer
outra autoridade americana
conversaram com Lula ou seus
ministros sobre o caso Kroll.
Ele rebateu também uma informação de que Holder tenha
sido agente da CIA. Segundo
ele, Holder foi aluno de uma
academia militar dos Estados
Unidos por dois anos e depois
trabalhou por pouco tempo na
embaixada americana em Buenos Aires.
(LS)
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