São Paulo, domingo, 01 de julho de 2001

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GOVERNO NO ESCURO
Queda da popularidade do presidente ainda não chegou ao ponto mais baixo, alcançado em 1999

Crise cambial afetou FHC mais que apagão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise energética pode já ter derrubado o ritmo de crescimento da economia, mas ainda não chegou perto do que foi a desvalorização do real para a popularidade do governo e do Plano Real.
Se o desempenho do governo federal fosse visto como uma paisagem, sua avaliação mostraria um relevo acidentado em direção a um novo declínio.
Em três meses, cresceu em 12 pontos o percentual de brasileiros que reprovam o governo FHC. A taxa de aprovação do real caiu quatro pontos desde março.
Mas nessa paisagem fica claro que nada castigou tanto a popularidade do governo e do plano quanto a desvalorização do real.
A nota média atribuída ao governo pelos entrevistados do Datafolha na semana passada foi 4,4. Nos seis anos e seis meses de mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, a nota só esteve pior quando o real desvalorizado fez aumentar o desemprego e a pobreza no país.
Nos meses seguintes à desvalorização, o desempenho do governo desenhou um vale. A nota chegou a bater em 3,5.
Na verdade, esse vale começou a ser delineado no início do segundo mandato de FHC e parecia ter sido deixado para trás na pesquisa feita três meses atrás.
É importante notar que a pesquisa mostra um certo efeito retardado na reação popular. Exemplo: a desvalorização do real aconteceu em janeiro de 1999, mas a popularidade de FHC só bateu no fundo do poço no levantamento feito em setembro, quase oito meses depois.
Há apenas três meses, a nota média dada ao governo era 5,2. Se o raciocínio acima se repetir agora, a queda da popularidade pode estar ainda no começo.
Não é novidade que o Plano Real sempre se deu melhor do que o governo quando submetido à avaliação popular.
Esse quadro se mantém ainda hoje, mas registra-se baixa da popularidade tanto do plano como da administração de FHC.
De acordo com o retrato tirado na semana passada, 40% dos entrevistados ainda acreditam que o plano é ótimo ou bom.
Menos da metade desse percentual -19%- dá a mesma classificação ao desempenho do governo tucano.

Rio de Janeiro
No mesmo período em que 38% dos entrevistados classificaram o governo de ruim ou péssimo, apenas 24% fizeram a mesma avaliação do plano que garantiu duas eleições de FHC ao Planalto.
O inferno da popularidade do governo e do Plano Real mora no Rio de Janeiro.
Esse é o Estado que registra a pior avaliação para ambos. Na fila, seguem-se o Distrito Federal e a Bahia do ex-aliado e ex-senador Antonio Carlos Magalhães.
Os maiores críticos do plano estão concentrados na região Sudeste e principalmente nas regiões metropolitanas.
Os índices de aprovação obtidos no primeiro mandato do presidente parecem cenas de um outro planeta.
(MARTA SALOMON)



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