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PT SOB SUSPEITA
Rodvias prestou serviço à Emparsanco, acusada de dar dinheiro para campanha de prefeito de São Bernardo
Empreiteira é ligada à empresa investigada
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BELÉM
A Emparsanco S/A, acusada de
dar dinheiro para a campanha do
prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Maurício de Souza, do
PSDB, tem ligações com uma das
empresas investigadas pelo Ministério Público por suspeita de
favorecimento.
A Emparsanco já firmou contratos com as prefeituras de Santo
André e de Belém, ambas do PT,
além de outras que não são governadas pelo partido.
Em Santo André, a empresa foi
escolhida para tocar obras de pavimentação e contenção de taludes. Em Belém, em 1998, ganhou
uma concorrência para fazer varrição e coleta de lixo.
Na época da licitação, o prefeito
de Belém, Edmilson Rodrigues
(PT), nomeou uma comissão para fazer a análise técnica das propostas. Essa comissão era formada por: Francisco Eduardo Pasetto Lopes, então diretor de Saneamento, mas que depois virou secretário da pasta; Orlando Ferreira Pereira, funcionário público; e
Ricardo Pereira da Silva, sócio da
Rodvias Engenharia Municipal.
Ricardo foi secretário de Obras
Públicas da Prefeitura de Santos
na gestão do também petista David Capistrano (93-96).
Lá, ele foi chefe de Klinger Luiz
de Oliveira Souza, que então ocupava a chefia do Departamento de
Vias Públicas. Pasetto substituiu
Ricardo na secretaria em Santos.
Atualmente, além de tocar a
Rodvias, Ricardo trabalha na Secretaria de Governo da Prefeitura
de São Paulo, chefiada por Rui
Falcão, membro da Executiva Nacional do PT.
Terceirização
Na licitação em Belém, houve
duas vencedoras: a Terraplena e a
Emparsanco, para a qual a Rodvias já havia prestado serviço.
Como não tinha nem sequer escritório na cidade, a Emparsanco
começou a funcionar no escritório da Tetralix. Um dos sócios da
Tetralix, Juvenal Luiz Pereira de
Lima Nigro, também prestou serviço para o Rodvias e inclusive
participou de reunião na Prefeitura de Belém como representante
da empresa.
Por causa dessa terceirização, a
Câmara Municipal de Belém
abriu uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso.
Os vereadores apuraram que
várias empresas foram subcontratadas pela Emparsanco e pela
Terraplena, mas não viram nenhum problema nessa ação porque a prefeitura foi informada
desses atos.
Porém, a Folha apurou que algumas das subcontratadas pela
Emparsanco não têm registro na
Junta Comercial de Belém.
Além de não ter escritório em
Belém, a Emparsanco também
não tinha equipamentos para efetuar o trabalho de coleta de lixo,
porque, até então, nunca havia
trabalhado com resíduos sólidos.
Para executar o serviço, ela alugou caminhões e equipamentos.
Bar
Algumas das notas fiscais emitidas por essas subcontratadas foram apresentadas à CPI do lixo
em Belém. Uma delas é da microempresa R. P. Magalhães no
valor de R$ 47,5 mil, e foi emitida
em 20 de março de 2001.
A R. P. Magalhães é, na verdade,
um bar. A Folha esteve no local,
no início de junho, mas o estabelecimento estava fechado.
O Sintegra (Sistema Integrado
de Informação sobre Operações
Interestaduais com Mercadorias e
Serviços), órgão federal pelo qual
é possível consultar o cadastro de
uma empresa para saber se ela está registrada nos departamentos
estaduais, informa que a atividade
econômica da R. P. Magalhães é
"comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios".
Uma outra empresa que emitiu
duas notas fiscais para a Emparsanco, em 14 de março de 2001, no
valor total de R$ 106 mil, foi a
Transbservice.
A Junta Comercial do Pará informou, em 18 de abril do ano
passado, que até aquela data a
empresa não estava registrada em
seus cadastros. Em junho de 2001,
porém, ela foi criada oficialmente.
O endereço que consta no Sintegra, no entanto, é o mesmo da
Emparsanco em Belém. Aliás, o
mesmo endereço também da Tetralix, cujo sócio prestou serviço
para a Rodvias.
Na sexta-feira, o vereador Aldo
dos Santos, do PT de São Bernardo do Campo, encaminhou um
requerimento para abertura de
uma CPI para investigar as denúncias de Fernando Tenório Cavalcanti, 36, de que a Emparsanco
deu dinheiro para a campanha do
tucano Maurício Soares, mas não
declarou ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
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