São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT SOB SUSPEITA

Rodvias prestou serviço à Emparsanco, acusada de dar dinheiro para campanha de prefeito de São Bernardo

Empreiteira é ligada à empresa investigada

CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BELÉM

A Emparsanco S/A, acusada de dar dinheiro para a campanha do prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Maurício de Souza, do PSDB, tem ligações com uma das empresas investigadas pelo Ministério Público por suspeita de favorecimento.
A Emparsanco já firmou contratos com as prefeituras de Santo André e de Belém, ambas do PT, além de outras que não são governadas pelo partido.
Em Santo André, a empresa foi escolhida para tocar obras de pavimentação e contenção de taludes. Em Belém, em 1998, ganhou uma concorrência para fazer varrição e coleta de lixo.
Na época da licitação, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PT), nomeou uma comissão para fazer a análise técnica das propostas. Essa comissão era formada por: Francisco Eduardo Pasetto Lopes, então diretor de Saneamento, mas que depois virou secretário da pasta; Orlando Ferreira Pereira, funcionário público; e Ricardo Pereira da Silva, sócio da Rodvias Engenharia Municipal.
Ricardo foi secretário de Obras Públicas da Prefeitura de Santos na gestão do também petista David Capistrano (93-96).
Lá, ele foi chefe de Klinger Luiz de Oliveira Souza, que então ocupava a chefia do Departamento de Vias Públicas. Pasetto substituiu Ricardo na secretaria em Santos.
Atualmente, além de tocar a Rodvias, Ricardo trabalha na Secretaria de Governo da Prefeitura de São Paulo, chefiada por Rui Falcão, membro da Executiva Nacional do PT.

Terceirização
Na licitação em Belém, houve duas vencedoras: a Terraplena e a Emparsanco, para a qual a Rodvias já havia prestado serviço.
Como não tinha nem sequer escritório na cidade, a Emparsanco começou a funcionar no escritório da Tetralix. Um dos sócios da Tetralix, Juvenal Luiz Pereira de Lima Nigro, também prestou serviço para o Rodvias e inclusive participou de reunião na Prefeitura de Belém como representante da empresa.
Por causa dessa terceirização, a Câmara Municipal de Belém abriu uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso.
Os vereadores apuraram que várias empresas foram subcontratadas pela Emparsanco e pela Terraplena, mas não viram nenhum problema nessa ação porque a prefeitura foi informada desses atos.
Porém, a Folha apurou que algumas das subcontratadas pela Emparsanco não têm registro na Junta Comercial de Belém.
Além de não ter escritório em Belém, a Emparsanco também não tinha equipamentos para efetuar o trabalho de coleta de lixo, porque, até então, nunca havia trabalhado com resíduos sólidos. Para executar o serviço, ela alugou caminhões e equipamentos.

Bar
Algumas das notas fiscais emitidas por essas subcontratadas foram apresentadas à CPI do lixo em Belém. Uma delas é da microempresa R. P. Magalhães no valor de R$ 47,5 mil, e foi emitida em 20 de março de 2001.
A R. P. Magalhães é, na verdade, um bar. A Folha esteve no local, no início de junho, mas o estabelecimento estava fechado.
O Sintegra (Sistema Integrado de Informação sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços), órgão federal pelo qual é possível consultar o cadastro de uma empresa para saber se ela está registrada nos departamentos estaduais, informa que a atividade econômica da R. P. Magalhães é "comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios".
Uma outra empresa que emitiu duas notas fiscais para a Emparsanco, em 14 de março de 2001, no valor total de R$ 106 mil, foi a Transbservice.
A Junta Comercial do Pará informou, em 18 de abril do ano passado, que até aquela data a empresa não estava registrada em seus cadastros. Em junho de 2001, porém, ela foi criada oficialmente. O endereço que consta no Sintegra, no entanto, é o mesmo da Emparsanco em Belém. Aliás, o mesmo endereço também da Tetralix, cujo sócio prestou serviço para a Rodvias.
Na sexta-feira, o vereador Aldo dos Santos, do PT de São Bernardo do Campo, encaminhou um requerimento para abertura de uma CPI para investigar as denúncias de Fernando Tenório Cavalcanti, 36, de que a Emparsanco deu dinheiro para a campanha do tucano Maurício Soares, mas não declarou ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral).


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Outro lado: Empresa diz que deverá responder hoje a acusações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.