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São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2003

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COLARINHO BRANCO

Ex-diretor da Previ não se pronunciou

PF indicia primeiro suspeito na privatização do Sistema Telebrás

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Cinco anos depois da privatização da Telebrás, em julho de 1998, a Polícia Federal do Rio de Janeiro indiciou, na sexta-feira passada, por crime previsto na Lei de Colarinho Branco, o primeiro suspeito de irregularidades no inquérito que apura a participação da Previ (o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) no consórcio que comprou a Telemar.
O indiciado foi Vítor Paulo Camargo Gonçalves, um dos seis diretores da Previ na época da privatização da Telebrás. Gonçalves fez parte da diretoria da Previ entre junho de 1996 e maio de 2000 e hoje atua como analista do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Procurado pela Folha, ele não quis se pronunciar.
Camargo Gonçalves foi indiciado logo após ter prestado um novo depoimento à Polícia Federal do Rio de Janeiro, na sexta-feira. Os outros diretores da Previ na época da privatização deverão ser ouvidos novamente nos próximos dias e também poderão ser indiciados. São eles: Jair Bilachi (presidente), Cláudio Munhoz, João Bosco Madeiro, Arlindo Magno e Henrique Pizzolato (atual diretor de marketing do Banco do Brasil).
O próximo depoimento deverá ser de Arlindo Magno, amanhã, na sede da PF no Rio. Magno faz parte atualmente do conselho deliberativo da Previ.
O inquérito da Polícia Federal apura se os ex-diretores da Previ cometeram crimes previstos na Lei de Colarinho Banco (nº 7.492/86) na privatização da Telebrás. A PF investiga se a Previ atuou ou não como instituição financeira, o que é ilegal (crime previsto no artigo 16º da Lei de Colarinho Branco.)
Para indiciar o ex-diretor da Previ, a Polícia Federal tomou como base relatório da SPC (Secretaria da Previdência Complementar), órgão ligado ao Ministério da Previdência, que aponta indícios fortes de a Previ ter emprestado dinheiro aos seus sócios para que eles saldassem a compra da Telemar. A empresa foi privatizada por R$ 3,4 bilhões.
Os sócios no consórcio da Telemar que teriam sido beneficiados com empréstimos da Previ, segundo o relatório da SPC, teriam sido a La Fonte, de Carlos Jereissati, e a Inepar, de Atilano Oms Sobrinho.
O ex-diretor da Previ Vítor Paulo Camargo Gonçalves recebeu com surpresa o seu indiciamento pela PF. Em seu depoimento, a Folha apurou que ele disse que não participou das decisões tomadas pela Previ na época da privatização. Ele era responsável pela diretoria de participações da Previ, que acompanha o desempenho das empresas as quais o fundo de pensão é sócio.
As principais decisões de investimentos do fundo eram tomadas por Jair Bilachi e por João Bosco, respectivamente presidente e diretor de investimentos. Como a Previ trabalha em sistema de colegiado, todas as decisões, no entanto, precisam ser aprovadas pela diretoria.


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