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COLARINHO BRANCO
Ex-diretor da Previ não se pronunciou
PF indicia primeiro suspeito na privatização do Sistema Telebrás
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Cinco anos depois da privatização da Telebrás, em julho de 1998,
a Polícia Federal do Rio de Janeiro
indiciou, na sexta-feira passada,
por crime previsto na Lei de Colarinho Branco, o primeiro suspeito
de irregularidades no inquérito
que apura a participação da Previ
(o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) no consórcio que comprou a Telemar.
O indiciado foi Vítor Paulo Camargo Gonçalves, um dos seis diretores da Previ na época da privatização da Telebrás. Gonçalves
fez parte da diretoria da Previ entre junho de 1996 e maio de 2000 e
hoje atua como analista do Banco
do Brasil, no Rio de Janeiro. Procurado pela Folha, ele não quis se
pronunciar.
Camargo Gonçalves foi indiciado logo após ter prestado um novo depoimento à Polícia Federal
do Rio de Janeiro, na sexta-feira.
Os outros diretores da Previ na
época da privatização deverão ser
ouvidos novamente nos próximos dias e também poderão ser
indiciados. São eles: Jair Bilachi
(presidente), Cláudio Munhoz,
João Bosco Madeiro, Arlindo
Magno e Henrique Pizzolato
(atual diretor de marketing do
Banco do Brasil).
O próximo depoimento deverá
ser de Arlindo Magno, amanhã,
na sede da PF no Rio. Magno faz
parte atualmente do conselho deliberativo da Previ.
O inquérito da Polícia Federal
apura se os ex-diretores da Previ
cometeram crimes previstos na
Lei de Colarinho Banco (nº
7.492/86) na privatização da Telebrás. A PF investiga se a Previ
atuou ou não como instituição financeira, o que é ilegal (crime
previsto no artigo 16º da Lei de
Colarinho Branco.)
Para indiciar o ex-diretor da
Previ, a Polícia Federal tomou como base relatório da SPC (Secretaria da Previdência Complementar), órgão ligado ao Ministério da
Previdência, que aponta indícios
fortes de a Previ ter emprestado
dinheiro aos seus sócios para que
eles saldassem a compra da Telemar. A empresa foi privatizada
por R$ 3,4 bilhões.
Os sócios no consórcio da Telemar que teriam sido beneficiados
com empréstimos da Previ, segundo o relatório da SPC, teriam
sido a La Fonte, de Carlos Jereissati, e a Inepar, de Atilano Oms
Sobrinho.
O ex-diretor da Previ Vítor Paulo Camargo Gonçalves recebeu
com surpresa o seu indiciamento
pela PF. Em seu depoimento, a
Folha apurou que ele disse que
não participou das decisões tomadas pela Previ na época da privatização. Ele era responsável pela diretoria de participações da
Previ, que acompanha o desempenho das empresas as quais o
fundo de pensão é sócio.
As principais decisões de investimentos do fundo eram tomadas
por Jair Bilachi e por João Bosco,
respectivamente presidente e diretor de investimentos. Como a
Previ trabalha em sistema de colegiado, todas as decisões, no entanto, precisam ser aprovadas pela diretoria.
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