DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro José Dirceu (Casa Civil) disse a senadores, em um jantar anteontem, que está empenhado na reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por isso não teria motivo para uma disputa de poder com o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), já que o seu objetivo seria outro.
"Não tenho nenhuma desavença a superar no governo. Levamos muito tempo para construir este projeto. Não tenho projeto político pessoal que não seja a reeleição do presidente. Quero dar a melhor condução para a reeleição. Não estou disputando nada, posso me reservar a isso", teria dito.
Dirceu perdeu espaço após sua pasta ser dividida na reforma ministerial em janeiro. Ele concentrou o gerenciamento do governo, mas perdeu a tarefa de articulação política, que passou para Aldo, com quem travaria, nos bastidores, uma disputa pelo poder.
Já Aldo enfrenta resistências no próprio PT, que não aceita o fato de um ministro do PC do B centralizar a liberação de emendas parlamentares e a distribuição de cargos. Os petistas pressionam para que a coordenação política volte para Dirceu. Os dois ministros, porém, negam desavenças.
O jantar foi na casa do senador João Ribeiro (PFL-TO) e teve o intuito de prestigiar Dirceu, que se enfraqueceu ao ter surgido em fevereiro o caso Waldomiro Diniz.
Além do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o jantar reuniu basicamente oposicionistas e serviu também para tentar melhorar a relação do governo com o Senado, onde o Planalto viu, contra sua vontade, o salário mínimo ser elevado para R$ 275. Esse papel, a rigor, seria de Aldo.
"O governo tem que respeitar quando os partidos fecham questão. Compreendo a posição do Senado. Estou mais preocupado em reconstruir a relação com o Senado", teria dito Dirceu, em referência à votação do mínimo. (FK)

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