São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/REAÇÃO OFICIAL

Em discurso, presidente acusa os que "só investigam corrupção dos outros" e afirma que nunca pediu que arquivassem investigações

Lula faz crítica velada a FHC e diz que nunca "engavetou" processos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No momento em que enfrenta a pior crise de seu governo, com suspeitas de irregularidade em diferentes esferas da União, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou ontem aqueles que, segundo ele, só incentivam as investigações e o combate à corrupção de terceiros, num recado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Ontem, visivelmente cabisbaixo durante cerimônia de posse de Antonio Fernando de Souza na Procuradoria Geral da República, Lula se disse ainda "magoado" ao ver pessoas serem "execradas" sem provas e prometeu jamais solicitar ao novo procurador-geral para que algum processo seja "engavetado". O procurador-geral nos anos FHC, Geraldo Brindeiro, era chamado pela oposição da época de "engavetador-geral da República", apelido que renega.
"Este país tem costumes que precisam ser retirados da nossa vida. (...) Todos os brasileiros são favoráveis à investigação dura nos outros, não neles", disse Lula.
Atualmente, no Congresso, os partidos de oposição ao governo federal, liderados por PSDB e PFL, tentam bloquear a possibilidade de investigações, via CPI, do processo de privatização das estatais e da compra de votos para aprovar a emenda que permitiu a reeleição de Fernando Henrique.
Lula afirmou que dorme com a "consciência tranqüila" por nunca ter pedido favores a Fonteles. "Durmo com a consciência tranqüila de que na sua gestão [Fonteles], em nenhum momento, pedi qualquer conversa com o procurador-geral da para pedir que algum processo, contra quem quer que seja, não tivesse andamento."
E disse ao novo procurador-geral que o procedimento será mantido. "Você [Antonio Fernando] pode ser chamado por mim para tomar café, mas você nunca será procurado pelo presidente da República para pedir que engavete um processo contra quem quer que seja neste país."
Lula destacou que seu governo, apesar de poder indicar o procurador-geral da República, permitiu que a escolha do titular viesse dos próprios procuradores. "No nosso governo, indicamos, tanto em 2003 [Claudio Fonteles] como agora [Antonio Fernando], os nomes eleitos pelos seus pares."
Lula disse ficar "magoado" com acusações a inocentes: "Fico muito magoado quando as pessoas são execradas antes, para depois provarem que são inocentes e não têm nunca o mesmo espaço para provar a sua inocência."
(EDUARDO SCOLESE E JULIA DUAILIBI)


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