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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/REAÇÃO OFICIAL
Em discurso, presidente acusa os que "só investigam corrupção dos outros" e afirma que nunca pediu que arquivassem investigações
Lula faz crítica velada a FHC e diz que nunca "engavetou" processos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No momento em que enfrenta a
pior crise de seu governo, com
suspeitas de irregularidade em diferentes esferas da União, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
acusou ontem aqueles que, segundo ele, só incentivam as investigações e o combate à corrupção
de terceiros, num recado ao ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002).
Ontem, visivelmente cabisbaixo
durante cerimônia de posse de
Antonio Fernando de Souza na
Procuradoria Geral da República,
Lula se disse ainda "magoado" ao
ver pessoas serem "execradas"
sem provas e prometeu jamais solicitar ao novo procurador-geral
para que algum processo seja "engavetado". O procurador-geral
nos anos FHC, Geraldo Brindeiro,
era chamado pela oposição da
época de "engavetador-geral da
República", apelido que renega.
"Este país tem costumes que
precisam ser retirados da nossa
vida. (...) Todos os brasileiros são
favoráveis à investigação dura nos
outros, não neles", disse Lula.
Atualmente, no Congresso, os
partidos de oposição ao governo
federal, liderados por PSDB e
PFL, tentam bloquear a possibilidade de investigações, via CPI, do
processo de privatização das estatais e da compra de votos para
aprovar a emenda que permitiu a
reeleição de Fernando Henrique.
Lula afirmou que dorme com a
"consciência tranqüila" por nunca ter pedido favores a Fonteles.
"Durmo com a consciência tranqüila de que na sua gestão [Fonteles], em nenhum momento, pedi
qualquer conversa com o procurador-geral da para pedir que algum processo, contra quem quer
que seja, não tivesse andamento."
E disse ao novo procurador-geral que o procedimento será mantido. "Você [Antonio Fernando]
pode ser chamado por mim para
tomar café, mas você nunca será
procurado pelo presidente da República para pedir que engavete
um processo contra quem quer
que seja neste país."
Lula destacou que seu governo,
apesar de poder indicar o procurador-geral da República, permitiu que a escolha do titular viesse
dos próprios procuradores. "No
nosso governo, indicamos, tanto
em 2003 [Claudio Fonteles] como
agora [Antonio Fernando], os nomes eleitos pelos seus pares."
Lula disse ficar "magoado" com
acusações a inocentes: "Fico muito magoado quando as pessoas
são execradas antes, para depois
provarem que são inocentes e não
têm nunca o mesmo espaço para
provar a sua inocência."
(EDUARDO SCOLESE E JULIA DUAILIBI)
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