São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oposição diz que CPIs esbarram em Dirceu e quer relacionar investigações

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

A oposição está determinada a estabelecer relações entre as CPIs dos Correios, do Mensalão e dos Bingos, que têm em comum o fato de poderem atingir de maneira direta ou indireta o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
"Os personagens das três CPIs são muito parecidos e a lógica mostra que as investigações deverão convergir", disse ontem o senador Efraim Moraes (PFL-PB), presidente da CPI dos Bingos, que fez ontem sua primeira reunião.
O principal personagem da CPI dos Bingos é Waldomiro Diniz, que até fevereiro de 2004 era assessor direto de Dirceu. Moraes acredita que Waldomiro irá encabeçar a lista de depoimentos.
Dirceu também é apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos que sabiam do suposto esquema de pagamento a parlamentares em troca de apoio político, o que coloca o ex-ministro na mira das CPIs dos Correios e do Mensalão.
Ainda não está claro se o suposto pagamento a deputados será investigado em uma CPI Mista do Mensalão ou em outra, só da Câmara, que iria apurar denúncias de compra de votos, incluindo a que atinge a emenda da reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.
Apesar de ter sido estabelecida para investigar denúncias de corrupção na estatal, a CPI dos Correios tem focado parte de sua atenção na investigação do suposto "mensalão".

Retórica
Dirceu afirmou que a tentativa de vinculá-lo às três investigações não passa de retórica da oposição e ressaltou que seu nome não apareceu em nenhum dos 22 inquéritos que investigaram Waldomiro Diniz. Também disse que não há nenhuma acusação contra ele no caso dos Correios e contestou as afirmações de Jefferson sobre o "mensalão".
O ex-assessor de Dirceu foi gravado cobrando propina do empresário de jogos Carlinhos Cachoeira em 2002, quando ocupava a direção da Loterj, no governo da petista Benedita da Silva.
O senador Leonel Pavan (PSDB-SC) afirmou que é cedo para dizer se Dirceu será ou não atingido pela CPI dos Bingos, que vai apurar a relação entre as casas de jogos e a lavagem de dinheiro do crime organizado. Mas ressaltou que as investigações são como "balaio de siri". "Você puxa um e vem um monte junto."
A Folha apurou que a disposição do PSDB é a mesma do presidente da CPI dos Bingos: relacionar as três investigações e vinculá-las a Dirceu.
O relator Garibaldi Alves tem um discurso mais ameno. Em sua opinião, a CPI dos Bingos deverá começar com a requisição dos inquéritos e investigações já realizados por Polícia Federal e Ministério Público. Depois viriam os depoimentos, entre eles o de Diniz. Mas observou que o foco das investigações será a atuação das casas de jogo e não a passagem de Diniz pelo governo federal.


Texto Anterior: Alencar sugere que pode deixar a Defesa na reforma ministerial
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.