São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2005

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Sacador diz não conhecer sócio de agencia

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Identificado como sacador de dinheiro da SMPB Comunicação no Banco Rural, Alexandre Vasconcelos Castro, 43, negou ontem à Polícia Federal ter relação com Marcos Valério Fernandes de Souza e com as empresas do publicitário mineiro.
Castro, que administra uma factoring de Belo Horizonte, a consultoria Express Factoring, disse que fazia os saques a pedido de um amigo. "Ele pegava o cheque [da SMPB] direto com essa pessoa, fazia o saque, retornava e devolvia o dinheiro", afirmou o delegado Cláudio Ribeiro.
O depoimento de Castro aconteceu das 12h30 às 14h, na sede da PF em Belo Horizonte. Ele chegou e saiu sem ser visto pela imprensa. Segundo Ribeiro, Castro confirmou ter feito os saques no Rural em 2003, mas disse desconhecer a finalidade do dinheiro. "Disse que era uma questão de amizade pessoal e nunca teve desconfiança em relação aos valores."
A PF não informou o nome do suposto amigo de Castro. Disse somente que não é funcionário das agências de Valério.
Castro afirmou à PF não se lembrar de quem assinava os cheques da SMPB que descontava. Duas funcionárias do departamento financeiro da agência devem ser ouvidas hoje pela PF em Brasília.
Relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) divulgado pela revista "IstoÉ" apontou saques de R$ 20,9 milhões da DNA Propaganda e da SMPB Comunicação entre julho de 2003 e maio de 2005 de contas nos bancos Rural e do Brasil.
Constituída em 2001, a consultoria Express Factoring funciona na sobreloja de uma bicicletaria administrada pela mãe de Castro. Os sócios da factoring -empresa que desconta duplicatas, promissórias e cheques- são o pai de Castro, Edualdo Castro, 78, e o funcionário da bicicletaria Antônio Marcos dos Santos, 31.
Morador de uma casa simples na periferia de Belo Horizonte, Santos ingressou na factoring com 33% das cotas. Sua participação hoje é de 0,6%, que vale R$ 250. À Folha, disse desconhecer detalhes das operações e clientes da empresa, apesar de saber que é sócio. "Como eu trabalhava lá e não teve nada de duvidar deles, deixei utilizarem meu nome."
Santos afirmou ainda que ouviu falar de Valério apenas pela imprensa. "Vou até ligar lá [na bicicletaria] para saber, não me informaram nada disso." Desde sábado, Castro não apareceu na factoring. Um de seus advogados disse à Folha que ele estava "assustado" e não falaria. O advogado afirmou que Castro não conhece Valério.


Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha, em Belo Horizonte

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