São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Use com moderação

Embora animados com o crescimento da aprovação a Lula em São Paulo e com a disposição do presidente para emprestar sua imagem à campanha de Marta Suplicy já no primeiro turno, petistas envolvidos com a candidatura da ex-prefeita avaliam que essa "liga" terá de ser feita com cuidado. Primeiro, para não dar ao apoio de Lula o aspecto de socorro. Afinal, lembram aliados, Marta lidera as pesquisas e tem todas as credenciais para disputar o cargo. Depois, para não "banalizar" a participação do presidente.
Os adeptos da teoria da moderação defendem que, se tudo correr bem, a campanha atravesse agosto sem recorrer a Lula. O "astro especialmente convidado" só entraria em cena na reta final do primeiro turno.



Apoteose. Apesar de convencidos da necessidade de "usar" Lula com parcimônia, os petistas alimentam um sonho de consumo: promover uma caminhada do presidente com Marta em São Paulo às vésperas do primeiro turno.

Pela culatra. De Aécio Neves (PSDB), sobre o desfecho da novela pré-eleitoral em Belo Horizonte: "O presidente não poderia ter sido mais explícito no apoio ao nosso candidato, Márcio Lacerda. O ônus ficou todo para os que tentaram impedir a aliança".

Em construção. Agora, caberá a Aécio e ao prefeito Fernando Pimentel (PT) alavancar Lacerda. O candidato do PSB aparece com pouco menos de 5% das intenções de voto em pesquisa encomendada pelo PC do B e registrada no TRE de Minas. A "comunista" Jô Moraes lidera o levantamento com 20%.

Polígamo. Os "demos" da Bahia provocam Jaques Wagner, ilustre convidado das convenções do PT, do PMDB e do PSDB. Segundo o deputado José Carlos Aleluia, o governador petista encena "Dona Flor e seus Três Prefeitos".

Cada um na sua. O desfecho das coligações partidárias firmadas para as eleições municipais mostra que a dupla oposicionista PSDB-DEM estará separada em 15 das 26 capitais. A lista inclui os cinco maiores colégios do país: São Paulo, Rio, Salvador, Fortaleza e Belo Horizonte.

Precursora 1. Um ano antes do estouro da Operação João de Barro da Polícia Federal, que flagrou fraudes em repasses do PAC a prefeituras, a Controladoria Geral da União já havia constatado irregularidades em pelo menos quatro contratos do Ministério das Cidades com municípios de Minas Gerais: Divisa Nova, Guarará, Machado e Nova Lima. Esta última aparece inclusive na lista da PF.

Precursora 2. São todos contratos de cerca de R$ 100 mil, para pequenas obras de infra-estrutura, como asfaltamento e construção de calçadas, e têm em comum irregularidades nas licitações. Constam dos três últimos relatórios de fiscalização da CGU.

É nosso. Embora a bancada não se canse de balançar a roseira do ministro, o PP realiza hoje ato de desagravo a Márcio Fortes (Cidades), enfraquecido pela Operação João de Barro. O gesto foi idealizado pelo presidente da sigla, senador Francisco Dornelles (RJ), e pelo vice-líder do governo Ricardo Barros (PR).

Ritmo. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, divulga hoje levantamento sobre o tempo de tramitação das ações penais na Corte. Das 91 ações ajuizadas, 11 (12,1%) já se arrastam por um período que vai de quatro a sete anos. A maioria dos processos (58,2%) tem menos de um ano.

Limpeza. Foi exonerado o terceiro personagem envolvido no caso do dossiê de gastos de FHC. Depois de José Aparecido Nunes, ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil, e de sua secretária Isabela Moreira Alves Pinto, caiu Nélio Lacerda Wanderlei.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Para ilustrar a diferença entre o que Marta diz que fez e o que realmente fez, basta lembrar que, quando ela quis ser ministra, Lula a nomeou para o Turismo, e não para a Educação."

De WALTER FELDMAN (PSDB), secretário municipal de Esportes, sobre as críticas da ex-prefeita aos CEUs construídos na gestão Serra/Kassab.

Contraponto

No embalo

Quando prefeito de Recife (1997-2000), o deputado Roberto Magalhães (DEM-PE) inaugurava obra de saneamento no bairro de Casa Amarela e se entusiasmou:
-Voltarei em breve para entregar obra muito maior!
Diante da surpresa da platéia, Magalhães perguntou a José Múcio Monteiro, seu secretário de Planejamento:
-Múcio, quando poderemos inaugurar?
Sem ter a menor idéia do que o prefeito dizia, o hoje ministro do governo Lula respondeu, algo aflito:
-Em 60 dias?
Magalhães ajustou:
-Em 120 dias inauguraremos outra grande obra aqui!
E foi embora sem explicar do que se tratava.


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