São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2000


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PÚBLICO x PRIVADO
Procuradores querem informação sobre eventual casa na Flórida e compra de carros de Luiz Estevão
Receita vai investigar patrimônio de EJ

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os procuradores Luiz Francisco de Souza e Guilherme Schelb requisitaram à Receita Federal, ontem, em Brasília, uma auditoria fiscal sobre a evolução patrimonial do ex-secretário geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira. A auditoria também incluirá a mulher de EJ, Lídice Cunha, e o grupo de empresas nas quais ele sócio.
Schelb e Luiz Francisco dizem, no ofício à Receita, "ter informações" que apontam a existência de uma casa de EJ em Boca Raton, na Flórida. Afirmam também "ter informações" sobre "a compra de vários veículos (por EJ) de empresas pertencentes" ao senador cassado Luiz Estevão (PFL-DF).
Entre os veículos estaria um Fiat Tempra branco, comprado em 1993 do Consórcio Planalto e vendido à OK Automóveis. As empresas são de Luiz Estevão.
No ofício encaminhado ao secretário da Receita, Everardo Maciel, os procuradores apresentam em 17 itens o que consideram indícios de "enriquecimento ilícito e sonegação tributária".
O advogado José Gerardo Grossi evitou comentar a ação dos procuradores. Mas negou a existência de qualquer casa de Eduardo Jorge na Flórida. "Ele tem uma casa na lua e um túnel em Marte, mas não tem casa na Flórida", disse.
"Meu cliente não foi chamado, eu não fui chamado. Quando isso acontecer, aí vamos falar", afirmou o advogado de EJ, queixando-se do que chama de "linchamento moral" de seu cliente.
A requisição da auditoria foi uma reação aos documentos que EJ encaminhou na semana passada. "Os dados apresentados ao Ministério Público são pífios e frágeis", disse Luiz Francisco. "Os documentos demonstram descompasso entre patrimônio e receitas lícitas", explicou o procurador, referindo-se aos quatro volumes de documentos pelo advogado de EJ, José Gerardo Grossi.
Pesou na decisão dos procuradores o fato de EJ ter omitido, nos documentos enviados ao Ministério Público, a participação societária que mantinha na empresa paranaense DTC-Direct To Company, até 12 dias atrás, conforme reportagem publicada pela Folha no domingo. "Não foi crime, mas demonstrou má-fé de Eduardo Jorge", afirmou Luiz Francisco.
O advogado Grossi tem outra explicação. "Não comunicamos a existência da empresa porque essa sociedade resultou em zero negócios, não fez nada", disse. "Foi uma empresa planejada para trabalhar mas que nem chegou a dar resultados quando Eduardo Jorge saiu da sociedade." Os procuradores deram prazo de cinco dias para a Receita levantar os dados.


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