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Militantes concorrem
em locais de conflito
LUÍS INDRIUNAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) vão concorrer às eleições
municipais em cidades onde
ocorreram conflitos e mortes de
sem-terra.
Em Eldorado do Carajás e Parauapebas, no Pará, são seis candidatos.
Já em Corumbiara, em Rondônia, os sem-terra preferiram não
ter um candidato próprio, mas
vão apoiar o PT.
É a primeira vez que o MST lança candidatos no sul do Pará.
Em Eldorado, quatro líderes do
assentamento 17 de Abril disputam vagas na Câmara Municipal
do município pelo PT local.
Manoel Saraiva, Antonio Leite,
Manoel Moura e Aparecida são
sobreviventes do massacre de Eldorado do Carajás.
Eles estavam entre os 2 mil sem-terra que entraram em conflito
com 150 policiais militares durante a desobstrução da rodovia PA-150, no dia 17 de abril de 1996.
Na ocasião, 19 sem-terra foram
mortos.
Coordenadores
O coordenador estadual do
MST no Pará Eurival Martins, que
também participou do conflito,
disputa uma vaga na Câmara Municipal de Parauapebas.
Já outro coordenador, Vadeilson Carneiro, o Parazinho, que
chegou alguns meses depois do
massacre na região, disputa a vaga de vice-prefeito de Parauapebas na chapa encabeçada pelo líder comunitário Darcy Lermam
(PT).
Próximo a vila Cedere 2, em Parauapebas, foram mortos os líderes do MST Onalício Barros, conhecido como Fusquinha, e Valentin Serra, o Doutor, em 26 de
março de 1998.
Eles foram assassinados durante uma discussão com donos de
terra, enquanto desocupavam a
fazenda Goiás 2.
Martins lembra que as eleições
não são o principal objetivo do
MST.
"É apenas uma chance de sermos ouvidos, já que não há trabalhadores rurais nessas câmaras".
A disputa será acirrada. Em Parauapebas, são 200 candidatos para 13 vagas. Em Eldorado, 88 para
9 vagas.
Rondônia
Em Corumbiara (RO), o MST
decidiu apoiar o professor José
Nunes (PT), que concorre à Prefeitura de Corumbiara.
Os candidatos não têm dinheiro
para fazer showmícios, outdoor e
outros recursos usados pelo adversário, o prefeito Leidson Ferreira de Souza (PMDB), que tenta
a reeleição.
A campanha política segue nos
cinco assentamentos existentes,
onde vivem cerca de 3.000 famílias. Em Corumbiara, a 840 quilômetros ao sul de Porto Velho
(RO), nove sem-terra foram mortos, no dia 9 de agosto de 95,
quando 187 policiais militares invadiram a Fazenda Santa Elina,
para desalojar 600 famílias. Dois
policiais também morreram no
conflito.
Colaborou Kátia Brasil, da
Agência Folha, em Manaus
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