São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAIXA

PSDB paulista recebeu R$ 45,6 mil de militante e R$ 1,42 milhão de pessoa jurídica entre 2000 e 2003; empresa também doou mais ao PT

Empresas fazem mais doações que filiados

DA REPORTAGEM LOCAL

Os balanços financeiros do PT e do PSDB revelam que nos últimos quatro anos os diretórios nacional e paulista das duas siglas receberam mais recursos de empresários do que dos próprios filiados.
No diretório estadual do PSDB, enquanto as contribuições de filiados somaram R$ 45,6 mil entre 2000 e 2003, as doações de empresas foram de R$ 1,42 milhão. No PT de São Paulo, os militantes deram R$ 472 mil ao partido. As empresas, R$ 679 mil.
A militância, que marcou a história do PT, aos poucos dá espaço a nomes como o do ex-rei da soja Olacyr de Moraes. Apoiador importante em 1989 do então candidato à Presidência Fernando Collor de Mello, em 2003 Olacyr colaborou com R$ 210 mil para a sigla em São Paulo, por meio de uma empresa registrada em seu nome em Tangará da Serra (MT).
As doações empresariais feitas às instâncias superiores do PT também superam as contribuições dos filiados de todo o diretório municipal do PT de São Paulo acumuladas dos anos de 1999, 2001, 2002 e 2003 -R$ 5,6 milhões dos filiados contra R$ 5,9 milhões de empresas.
Em 2002, a Vega Engenharia Ambiental deu R$ 275 mil, dos R$ 280 mil arrecadados pelo partido em São Paulo. No plano nacional, desde 2000 o PT tem parceria sólida com a empresa de lixo. Dos R$ 2,018 milhões de doações de pessoas jurídicas naquele ano, a Vega contribuiu com R$ 1,2 milhão. Em 2002, a Vega deu R$ 750 mil.
A empreiteira integra um consórcio que acabou de vencer uma concorrência bilionária da Prefeitura de São Paulo para a coleta de lixo na cidade.
Uma curiosidade no balanço petista: o ex-assessor do Ministério da Saúde Luiz Cláudio Gomes da Silva, acusado de irregularidades nas licitações para compra de produtos para a pasta, aparece doando R$ 3.000 para o PT nacional em abril de 2002.
No PSDB, o grosso das contas do diretório regional tucano também está nas doações das empresas. Em 2000, somaram R$ 195 mil. O maior parceiro do partido no Estado foi o Banespa, que em 2002 deu R$ 1,150 milhão do R$ 1,219 milhão obtido pelo partido.
No PSDB, uma única doação de pessoa física, a do empresário Sérgio Pedreira de Cerqueira, de R$ 1 milhão em 2002, representou, por exemplo, várias vezes toda a contribuição dos filiados ao partido no diretório estadual da sigla em São Paulo (R$ 85,3 mil).
"Foi uma coisa espontânea. Depois eu fiquei um pouco desapontado, mas não muito", contou.
No Diretório Nacional, o PSDB arrecadou, nos anos 2000 e 2002, R$ 13,429 milhões de firmas e nenhum centavo de militantes. O nacional do PT contabilizou, nos mesmos anos, R$ 637 mil de filiados e R$ 5,3 milhões de empresas.
Sem a parceria com a Vega Engenharia Ambiental, o PSDB nacional encontra no banco Itaú um de seus mais fiéis colaboradores. Em 2000, o banco doou R$ 500 mil para o Diretório Nacional tucano, que arrecadou de empresas, naquele ano, R$ 880 mil.
As maiores contribuições aconteceram em 2002, ano de eleição presidencial. O partido obteve R$ 12,5 milhões de empresas. Novamente o Itaú foi o principal parceiro (R$ 1,680 milhão), seguido da Gerdau S/A (R$ 1,5 milhão). Tanto em 2000 como em 2002, não houve doação de filiados.


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