São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

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HERANÇA BENDITA

Ministro nega que texto de projeto do governo federal seja elogioso a FHC e diz que relato da situação foi frio

Faltou pactuação a tucanos, diz Gushiken

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Confrontado com o texto final, já impresso, do livro de apresentação do projeto Brasil em Três Tempos, o ministro Luiz Gushiken, da Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República), diz não enxergar ali elogios à administração de FHC.
Para Gushiken, trata-se de um relato frio do que ocorreu com o planejamento federal ao longo dos anos. Na sua avaliação, o grande projeto de futuro tucano, o Brasil 2020, "acabou não dando certo". Por quê? "Porque é necessário haver um bom nível de pactuação interno, no governo, e externo, com a sociedade. Por essa razão não funcionou, como também não funcionou o Avança Brasil" -diz, citando outro carro-chefe da era FHC.
Gushiken faz uma ressalva para o trabalho executado pela extinta SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos). "Era algo de qualidade, mas a SAE ficava ilhada dentro do governo. Agora, estamos fazendo diferente, trazendo os ministros para dentro do planejamento, envolvendo todos, convencendo. Há uma pactuação para que dê certo", diz.
Na opinião do titular da Secom, os instrumentos criados durante o governo FHC não foram ferramentas de planejamento. "A Lei de Responsabilidade Fiscal contribuiu para uma maior eficiência do planejamento, mas é um instrumento de gestão".
Uma das pessoas mais interessadas em planejamento de longo prazo no governo federal, Gushiken diz que seu objetivo é criar uma metodologia com o Brasil em Três Tempos que possa ser usada por próximas gestões. Acredita que o envolvimento de vários ministros será essencial para que a empreitada dê certo.
Amigo pessoal de Lula e sem pretensões político-eleitorais, Gushiken é o integrante da alta cúpula federal que mais fica à vontade no contato direto com o presidente da República. Costuma brincar que, "no governo, 99% das cabeças só pensam o curto prazo". Para ele, o PPA (plano plurianual criado pela Constituição de 88) "é uma coisa boa por ter introduzido a cultura do médio prazo". Cada PPA abrange períodos de quatro anos.
"É necessário visão de longo prazo e fazer apostas em determinadas áreas. O Brasil tem uma plataforma excepcional para alta tecnologia. O governo pode apostar nessa área. Ter coragem para apostar é importante. Por exemplo, em nanotecnologia. Já tenho agendada reunião com vários ministros para tratar do tema", diz.
Por que dará certo o projeto Brasil em Três Tempos, quando outros governos fracassaram nessa empreitada? Além de repetir que a administração Lula fará a "pactuação interna e externa", Gushiken diz que o trabalho será realizado também de maneira segmentada: energia, tecnologia da informação, biodiesel, nanotecnologia (um dos temas prediletos do ministro), agricultura etc.



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