São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006

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CPI cria comissão só para apurar papel do Executivo na fraude

Lucio Tavora/Folha Imagem
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Amir Lando anuncia sub-relatoria que vai investigar se há envolvimento de ex-ministros com máfia dos sanguessugas

Governistas defendem convocação do tucano José Serra; oposição quer ouvir Saraiva Felipe, do PMDB, e Humberto Costa, do PT

ADRIANO CEOLIN
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Sanguessugas vai criar uma sub-relatoria para apurar a atuação da máfia de venda de ambulâncias superfaturadas nos Ministérios da Saúde, da Educação e da Ciência e Tecnologia. "Acho melhor, para o próprio andamento da CPI, a gente começar a investigar a partir de agora. Por isso vou indicar os sub-relatores", disse ontem o relator Amir Lando (PMDB-RO), que antes falava em investigar o Executivo mais tarde. Alguns membros da oposição na CPI vinham cobrando de Lando o início imediato da investigação do Executivo. Reservadamente, diziam que o relator poderia estar trabalhando a favor do governo. "Isso só pode sair de uma mente doente", defendeu-se ontem Lando. Com a decisão, podem entrar na mira da CPI os ex-ministros Humberto Costa (PT) e Saraiva Felipe (PMDB), ambos da gestão Luiz Inácio Lula da Silva, e José Serra (PSDB), do governo Fernando Henrique Cardoso. De acordo com as investigações, deputados e senadores destinavam, desde 2001, verbas da União para que prefeituras comprassem ambulâncias superfaturadas da Planam.
Ex-ministros
Amir Lando afirmou que os ex-ministros citados por Luiz Antonio Vedoin, dono da Planam, em seu depoimento à Justiça Federal podem ser chamados para depor. Humberto Costa, que foi ministro de janeiro de 2003 a julho de 2005, é citado por Vedoin, que diz que negociou o pagamento de 130 ambulâncias com assessores do petista. O empresário afirma ainda que o intermediário do negócio foi José Airton Cirilo, ex-presidente do PT do Ceará, que teria recebido 5% de propina em troca. Tanto Costa quanto Airton negam a negociação. O deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), ministro de julho de 2005 a março deste ano, foi o responsável pela nomeação de Maria Penha Lino -também acusada de fazer parte da máfia- para um cargo na Saúde. Uma parte dos governistas defende a convocação de Serra, atual candidato ao governo de São Paulo. O tucano ocupou o Ministério da Saúde entre março de 1998 e fevereiro de 2002. Vedoin disse ter interesse na vitória de Serra em 2002. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) manifestou-se contra a convocação. "Não existe menção a Serra como existe com outros", disse. Já existem requerimentos para convocar Serra, Costa e Saraiva, que precisam ser aprovados em reunião administrativa da CPI. Os dois parlamentares convidados para assumir a sub-relatoria não aceitaram de imediato. "Fiquei de pensar no assunto. Vou dar a resposta amanhã [hoje]", disse o deputado Julio Redecker (PSDB-RS). O senador Flávio Arns (PT-PR), em um primeiro momento, também recusou.


Colaboraram RANIER BRAGON e LEONARDO SOUZA , da Sucursal de Brasília

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