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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
No final de debate, Alckmin e Marta polarizam discussão
Um dos mais agressivos, Kassab atacou petista e a desafiou a comparar gestões
O ex-prefeito Paulo Maluf
(PP) e o deputado federal
Ivan Valente (PSOL) foram
os franco-atiradores, com
questões duras a oponentes
DA REPORTAGEM LOCAL
EM SÃO PAULO
A 66 dias do primeiro turno
das eleições municipais, o primeiro debate entre os principais candidatos à Prefeitura de
São Paulo, na noite de ontem,
mostrou uma troca de acusações entre os principais candidatos e culminou em polarização entre os líderes na disputa,
Marta Suplicy (PT) e Geraldo
Alckmin (PSDB).
Terceiro lugar na disputa, de
acordo com o Datafolha, o prefeito Gilberto Kassab (DEM)
também foi agressivo.
Contrariando expectativas
de que não iria para o embate
contra o tucano, Kassab trocou
críticas com Alckmin na questão da iluminação pública, mas
seu principal foco foi a petista, a
quem desafiou para uma comparação entre os governos.
"Tenho certeza de que uma
coisa você vai ganhar: a que
criou mais taxas", disse Kassab,
se referindo à criação de taxas
na gestão de Marta (2000-2004). Ele também atacou a
petista na área da saúde.
"Candidato Kassab, o problema da saúde existe em todos os
municípios. Foi um problema
na minha gestão, é um problema sério na sua, é o maior problema que você enfrenta. Por
todas as pesquisas, 70% de descontentamento com essa questão", devolveu Marta (53% dos
paulistanos reprovam a atuação da Prefeitura na saúde, segundo o Datafolha).
No final, Alckmin partiu para
cima da petista, lembrando do
aumento de taxas, e dizendo
que a prefeitura foi entregue ao
PSDB "em um estado lastimável", com a "área de saúde sucateada" e "a cidade endividada".
Marta classificou as críticas de
"mentiras" e "politicagem".
O debate de ontem foi promovido pela TV "Band" e durou
duas horas e quarenta minutos.
Os momentos mais tensos
ocorreram quando os candidatos fizeram perguntas uns aos
outros. Ao mesmo tempo em
que lembravam realizações de
suas gestões -os quatro primeiros colocados já governaram ou a prefeitura ou o Estado-, buscavam explorar áreas
mal-avaliadas nas gestões
alheias.
Marta buscou falar muito dos
CEUs (Centro Educacional
Unificado) e do bilhete único
para mais de uma viagem no
transporte público, implantados em sua gestão. Alckmin frisou a necessidade de melhorias
na saúde e no transporte público, principalmente na ampliação do metrô, cujo maior investimento parte do governo do
Estado, que ele comandou por
seis anos. Kassab falou do projeto Cidade Limpa, implantado
em sua gestão.
Franco-atiradores
Também em terceiro na disputa, o ex-prefeito Paulo Maluf
(PP), ao lado do deputado federal Ivan Valente (PSOL), foram
os franco-atiradores do debate.
Valente foi o responsável por
uma das perguntas mais duras
em relação a Alckmin: "Você
declarou ao TRE um teto de
campanha de R$ 25 milhões, é
muito dinheiro, o povo estranha isso. Quem vai financiar a
sua campanha?", questionou
Valente, que ainda lembrou
que o PSDB foi contra investigação na Assembléia Legislativa sobre o acidente com a linha
4 do metrô.
"Relacionar financiamento
público de campanha com acidente em obra é de uma maldade e de péssimo, muito mal gosto. Uma tragédia que abalou
São Paulo, aliás eu já estava fora
do governo há quase um ano. É
uma questão de obra, que pode
acontecer em todas as obras, e
está sendo rigorosamente apurada", respondeu Alckmin.
Ele também criticou o PT. Já
Maluf atacou Alckmin na questão da educação, considerado
um dos pontos fracos da gestão
tucana no governo do Estado
-"Não adianta dizer que tem o
melhor time e entrar em campo
e perder de 5 a 0"-, e os juros
praticados pelo PT na economia - "O PT mãe dos banqueiros e pai dos atravessadores".
Alckmin respondeu dizendo
que São Paulo está acima da
média nacional no Ideb (Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica). Valente lembrou
que o partido de Maluf, PP, faz
parte da base de apoio do governo federal.
Maluf foi questionado por
jornalista da Band sobre os sete
processos que responde, o que
o incluiu na "lista suja" da AMB
(Associação dos Magistrados
Brasileiros). "A politização da
Justiça é um atentado à democracia", rebateu Maluf. Instado
a comentar, Kassab -que também está na lista- se disse a favor da transparência.
Ele também foi questionado
por jornalista da Band sobre o
email, revelado pela Folha, em
que tenta influir em pesquisa
Datafolha. Ele negou, dizendo
que buscava evitar tumulto em
áreas da pesquisa. Compareceram ao debate os oito candidatos cujos partidos elegeram representantes para a Câmara
dos Deputados em 2006
-Marta, Alckmin, Kassab, Maluf, Valente, Soninha Francine
(PPS), Ciro Moura (PTC) e Renato Reichmann (PMN).
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