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ELEIÇÕES 2008 / RIO DE JANEIRO
Procuradora defende candidatos de favela
Silvana Batini, do Ministério Público Eleitoral do Rio, afirma ser legítimo que comunidade apóie um nome; "ilegítima é a coação'
Para ela, há aproveitamento político das denúncias de que existem restrições à circulação de candidatos
em áreas pobres da capital
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A procuradora da República
Silvana Batini, que integra o
Ministério Público Eleitoral do
Rio, afirmou à Folha considerar legítimo e democrático que
uma comunidade carente
apóie um candidato nas eleições municipais deste ano.
Por causa da suspeita de que
o tráfico de drogas e as milícias
venham impondo candidatos
ao eleitorado das favelas que
controlam, o governo federal
estuda reforçar a segurança da
campanha no Rio com tropas
do Exército e da Força Nacional de Segurança Pública.
"Não é nada ilegítimo que a
comunidade tenha um candidato preferido. O que é ilegítimo é a coação, impedir a campanha de outro, impedir a liberdade. Mas, se a comunidade
fechar a questão, "vamos apoiar
fulano de tal", é do jogo democrático. Garantida a liberdade
do eleitor, tudo bem", disse.
Procuradora encarregada,
pelo Ministério Público Federal, de ações importantes ligadas ao sistema financeiro, como grampos no BNDES (Banco
Nacional do Desenvolvimento
Econômico e Social) e a acusação de gestão fraudulenta do
extinto Banco Nacional, Batini
é procuradora regional eleitoral substituta do TRE-RJ.
Para ela, existe aproveitamento político das denúncias
de que, no Rio, há restrições à
circulação de candidatos em
áreas pobres. "Na questão eleitoral, tem que tomar um cuidado redobrado para que aquilo
não se torne parte do jogo da
disputa política. Claro que tem
gente que está faturando em cima disso."
Em relação ao uso das tropas
federais na campanha e na eleição, Batini também vê um cenário de motivação política.
"Acho que é uma precipitação.
A gente sabe que a situação da
segurança pública no Rio é
muito grave, mas acho que as
instituições fluminenses têm
condição de dar conta do recado", disse. "O problema do curral eleitoral no Rio de Janeiro
existe? Existe. Hoje você tem
um curral diferenciado de milícia e do narcotráfico. Curral do
narcotráfico é uma novidade.
Isso tem que ser apurado. Agora, justifica uma intervenção
nesse momento? Acho que
não. (...) A estrutura do Estado
tem que dar conta."
Preocupação
O presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Roberto Wider, disse ontem que o
presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), ministro
Carlos Ayres Britto, "está preocupado" com a campanha no
Rio e quer que o eleitor tenha
"garantias de regularidade" no
processo eleitoral.
"Segurança não é problema
da Justiça Eleitoral. O Estado
tem que garantir que os cidadãos possam ir e vir, entrar nos
lugares, onde for", disse Wider.
Candidato a vereador, Luiz
Cláudio de Oliveira (PSDC), o
Claudinho da Academia, entregou ontem ao TRE-RJ certidões da Justiça e da Secretaria
de Segurança mostrando que
ele foi confundido com homônimos, ao ser acusado de ter 22
anotações criminais.
Claudinho seria o candidato
preferido de seu reduto, a favela da Rocinha (zona sul), segundo suspeita da polícia. Chorando, disse ser honesto e que foi
condenado sem julgamento.
Agora, quer desistir da candidatura, para preservar a família. "Fui chamado de bandido,
estuprador. Não agüento
mais", afirmou. Ontem, o TRE
anunciou o veto a quatro candidatos que apresentam registros
criminais em suas fichas.
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