São Paulo, domingo, 01 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAIBA MAIS

Dono de empresa é sapateiro aposentado

DA REPORTAGEM LOCAL

A Lavicen Construções e Locações de Máquinas de Terraplanagem Ltda. está registrada na Junta Comercial do Estado do Paraná como sendo pertencente aos comerciantes Lavino Kill e Joel Gonçalves Pereira.
De acordo com os registros, a empresa foi fundada em junho de 1987 no município paranaense de Abatiá.
Kill nega ser ou ter sido um dos sócios da Lavicen, embora seu nome apareça no contrato social da empresa. Aos 68 anos, ele é sapateiro aposentado e ainda hoje conserta sapatos. Semi-analfabeto, não reconhece sua assinatura no contrato social da empresa.
Ele já teve seus documentos extraviados. A assinatura de Kill nos documentos de constituição da Lavicen é completamente diferente da de sua carteira de identidade.
O outro dono oficial da Lavicen é Joel Gonçalves Pereira, que seria sócio de Kill -apesar de o sapateiro afirmar não conhecê-lo.
Pereira responde a processo por estelionato e falsidade ideológica e está desaparecido, segundo as autoridades paranaenses que colaboram com o Ministério Público do Estado de São Paulo.
O representante legal da Lavicen é o contador Francisco Sacerdote, que assinou os contratos da empresa com a CBPO.
O contrato para locação de máquinas e equipamentos que supostamente seriam usados na construção da rodovia Carvalho Pinto, por exemplo, foi assinado em novembro de 1994, a 40 dias do fim do mandato de Fleury.
Em depoimento ao Ministério Público do Estado de Paraná, Sacerdote disse que recebeu de Pereira a procuração para representar a empresa e que não conhece o sapateiro Kill.
O contador afirmou também que foi apenas funcionário da Lavicen e que o dinheiro era repassado pela CBPO diretamente a Joel Gonçalves Pereira. Como representante legal da empresa, ele receberia salário mensal de R$ 1.000.
Sacerdote já foi condenado pela Justiça do Paraná a dois anos e quatro meses de prisão por estelionato, em 1992. Ele fugiu para não cumprir a sentença, mas a sua pena prescreveu em 1997.
O Ministério Público suspeita que a Lavicen tenha utilizado o dinheiro que recebeu da CBPO para pagar propina a agentes públicos responsáveis pela contratação e pela fiscalização das obras.
O promotor Luiz Salles do Nascimento requereu ao Banco Central informações sobre eventuais contas bancárias em nome da Lavicen para saber se elas teriam sido usadas para remessa de dinheiro ao exterior.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Outro lado: Maluf acusa governador de SP pela divulgação de informações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.