São Paulo, domingo, 01 de setembro de 2002

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CAMPANHA DE SERRA

Crises de cidades e Estados administrados pelo PT devem ser exploradas

Lula dividirá com Ciro o papel de alvo do tucano

Marcia Gouthier - 22.jul.2002/Folha Imagem
Nizan Guanaes, marqueteiro da campanha de Serra à Presidência


KENNEDY ALENCAR
EM SÃO PAULO

Na campanha de TV do tucano José Serra, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começará a tomar o lugar de Ciro Gomes (PPS) como alvo preferencial. Crises de prefeituras e Estados geridos pelo PT e a falta de experiência administrativa de Lula constam do roteiro tucano.
A idéia é mostrar que "o jeito petista de governar" difere do figurino "Lulinha quer paz e amor", expressão do próprio petista para batizar a fase em que tenta se mostrar maduro, evitando conflitos e conquistando aliados para um eventual governo.
"Serrinha quer emprego e paz", brinca o publicitário Nizan Guanaes, marqueteiro de Serra. Nos programas de TV, a repetição à exaustão da palavra "emprego" é vacina contra os ataques de Lula e Ciro que responsabilizarão Serra e FHC pelo desemprego.
Serra, porém, tentará mostrar com números de setores da economia que teria como gerar os 8 milhões de postos de trabalho prometidos. Se a promessa fosse mentirosa, como tenta carimbar Ciro, Serra poderia prometer muito mais emprego, diz um auxiliar do candidato do PSDB.
A subida de tom em relação a Lula se deve à avaliação da equipe de Serra de que a queda de Ciro é de difícil reversão, ressuscitando o cenário Lula-Serra no segundo turno. No diagnóstico, Lula não poderia chegar forte ao segundo turno, cuja campanha de TV durará apenas 15 dias e na qual o tempo no horário eleitoral gratuito é exatamente igual. Hoje, Serra tem praticamente o dobro do tempo de TV de Lula.

Ciro ainda preocupa
O PSDB, porém, não pretende descuidar de Ciro para manter o terreno conquistado, como mostram as pesquisas. Serra tem munição para rebater a defesa de Ciro feita no horário eleitoral gratuito pela mulher do candidato do PPS, a atriz Patrícia Pillar.
"Ouve, ouve!" é uma frase atribuída a Patrícia, registrada pelos jornais e arquivada pela campanha de Serra, para acalmar Ciro no emblemático jantar de 13 de agosto com empresários paulistas em que o candidato do PPS disse "O mercado que se lixe".
O uso de uma peça de TV sobre Patrícia, porém, dependerá da capacidade de reação do candidato do PPS e do efeito da aparição da atriz. Estuda-se com cuidado uma resposta a Patrícia. O tiro pode sair pela culatra porque ela tem boa imagem pública e recentemente enfrentou um câncer.
Além de mais declarações infelizes, o roteiro de ataque a Ciro tem planejado um programa sobre a eleição presidencial de 1989, na qual Fernando Collor de Mello venceu Lula.
Ao rebater a acusação de que fez jogo baixo contra Ciro, Nizan argumenta que o candidato do PPS poderia assinar a ficha técnica do programa tucano. "Entrou com seus defeitos especiais", diz.


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