São Paulo, domingo, 01 de setembro de 2002

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CAMPANHA DE CIRO

Acusar o candidato tucano de "destruir reputações" pode ser estratégia

Roseana Sarney pode tornar-se arma contra Serra

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A ex-governadora Roseana Sarney (PFL) pode vir a se transformar em munição na disputa entre Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB) por uma vaga no segundo turno. Atribuir ao tucano o rótulo de "destruidor de reputações" deverá ser a estratégia utilizada pela equipe do pepessista caso o tucano use frases do ex-governador sobre sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, para desqualificá-lo.
"Já pensou a Patrícia dizendo que o Serra, não contente em destruir a reputação de Roseana Sarney, agora vai querer destruir a dela também?", afirma um dos aliados do presidenciável do PPS, tentando ligar o tucano ao suposto grampo que teria levado à descoberta de R$ 1,34 milhão em um escritório de Roseana. "Ia ser uma maravilha. Entre o Serra e a Patrícia, você ficaria com quem?"
Ao ser questionado anteontem sobre a participação da atriz na campanha, Ciro respondeu que sua mulher desempenha um dos papéis mais importantes, o de "dormir" com ele. Em seguida, disse tratar-se de "brincadeira".
No mesmo dia em que a frase foi dita, a equipe de Serra já cogitava o uso de outro episódio vinculado à atriz. Ela teria pedido calma ao marido no jantar com empresários em que o ex-governador declarou que o mercado se "lixasse".
Um dos principais trunfos da campanha do PPS, Patrícia deverá participar dos programas de TV "sempre que preciso". Com o objetivo de limpar a imagem satanizada que Serra teria criado de Ciro, aliados do pepessista apostam no carisma, na credibilidade e no passado "extremamente limpo" da atriz como arma.
A meta da campanha -que já esteve 14 pontos à frente da do tucano, segundo o Datafolha- é hoje simplesmente levar seu candidato ao segundo turno livre do "barro" jogado pelo adversário. "Nem que seja com apenas um voto de diferença", dizem.
Por isso, as recentes críticas tucanas ao ex-governador na TV fizeram com que Ciro modificasse sua propaganda e partisse também para o ataque.
"Quem está atrapalhando que façamos um programa propositivo é o Serra", declarou Einhart Jacome da Paz, marqueteiro de Ciro, abandonando o estilo por ele mesmo batizado de "feijão-com-arroz" de sua campanha.
Bombardeios às "contradições" da proposta de Serra para a criação de 8 milhões de empregos deverão ser sua prioridade.
Avesso aos holofotes reservados aos marqueteiros, Einhart, que também é cunhado de Ciro, tem evitado dar declarações desde que a queda de seu candidato nas pesquisas deu início aos boatos de que ele perderia o cargo.
Aos que lhe perguntam sobre essa hipótese -negada pelo comando da campanha-, tem dito que "ainda" não foi demitido. "A diretoria avisou que estou prestigiado", brincou com amigos.


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