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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Para excluídos, Lula abortou projeto popular
Em texto, movimentos sociais do Grito dos Excluídos criticam política econômica, carga tributária e altos lucros dos bancos
Para dom Demétrio, após "decepção" com casos de corrupção no governo do
PT, grupos sociais agora precisam se reorganizar
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Movimentos sociais reunidos em torno do Grito dos Excluídos divulgaram documento
ontem em que afirmam que o
projeto popular no Brasil foi
abortado com o governo de
Luiz Inácio Lula da Silva.
"O projeto popular no Brasil
sofre, a bem dizer, dois abortos.
Primeiro, em 1964, com o golpe
militar. Agora, com a decepção
do governo Lula", diz trecho do
documento do Grito.
Segundo o movimento, é preciso "desmascarar a atual política econômica dependente,
que privilegia o capital financeiro, o pagamento da dívida e o
superávit primário".
Em outro trecho, o Grito afirma que, "no Brasil, o capital é
altamente remunerado por
meio de taxas de juros mais altas do mundo, que passam
grande parte de nossa riqueza
para o setor financeiro, cujos
lucros são os mais elevados de
todos os tempos".
O movimento também ataca
a carga tributária, que atingiu
patamar recorde no ano passado. "Nosso sistema tributário
privilegia os ricos e castiga a
classe trabalhadora."
O Grito dos Excluídos envolve uma série de protestos políticos, cerimônias religiosas e
manifestações culturais que
são realizadas em várias partes
do país no 7 de Setembro, quando se celebra a independência.
O maior desses atos acontece
na cidade de Aparecida, em São
Paulo. Ontem, a coordenação
do evento convocou jornalistas
para detalhar o Grito deste ano.
O Grito também atacou os
escândalos de corrupção. Dom
Demétrio Valentini, da direção
do movimento, declarou que
"as denúncias de corrupção levaram a um primeiro momento
de decepção e até desencanto"
nos movimentos sociais.
Diante desse quadro, o bispo
afirmou que o Grito dos Excluídos defenderá que as pessoas
não votem em políticos envolvidos com escândalos de corrupção. Contudo, o religioso
disse ser contra o voto nulo ou
em branco e a abstenção.
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