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Governo já gastou R$ 54,5 milhões com cartões corporativos neste ano
Valor superou toda a despesa de 2006; União alega gastos com o Censo e o Pan
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo já desembolsou
R$ 54,5 milhões nos primeiros
oito meses do ano com cartões
de crédito distribuídos a um
grupo de servidores -39,4% a
mais que o gasto em todo o ano
de 2006. Do total, R$ 42,8 milhões foram sacados na boca do
caixa, prática condenada pelo
próprio Executivo pela dificuldade de comprovar os gastos.
Somente um grupo de 491
funcionários comissionados,
geralmente indicações políticas, movimentou R$ 1,2 milhão
em dinheiro vivo via cartão corporativo neste ano. Ao todo, o
grupo gastou R$ 1,98 milhão
com seus cartões corporativos
neste ano. "Isso demonstra que
a quantidade de pessoas que
podem operar esses cartões é
um poço sem fundo. Os comissionados, em tese, têm compromisso com seu partido ou
chefe imediato, não com a coisa
pública", criticou o deputado
Augusto Carvalho (PPS-DF).
Por meio da CGU, o governo
informou que o "crescimento
registrado no primeiro semestre de 2007 constitui fenômeno
sazonal" devido ao Censo e as
ações de inteligência dos Jogos
Pan-americanos 2007, no Rio.
O órgão informou que, em razão do Censo, o governo autorizou o aumento do saldo dos
cartões de crédito de funcionários do IBGE -responsáveis
pela maioria das retiradas na
boca do caixa. Os saques "foram
necessários devido a despesas
em áreas rurais e de pequenas
comunidades onde não funcionam as redes afiliadas aos cartões eletrônicos, ou, no caso do
Pan, de movimentação necessariamente sigilosa de agentes
da Abin e outros órgãos de inteligência e segurança".
Apesar disso, o CGU disse
que a orientação é para que se
diminua o volume de saques
em dinheiro vivo. Os cartões se
destinam a custear "despesas
emergenciais" na administração pública. O servidor pode sacar o dinheiro ou optar por passar o cartão de crédito. Conforme o Ministério do Planejamento, 7.007 servidores de todas as áreas têm esses cartões.
Há dois anos, o ministério
chegou a editar decreto com o
objetivo de diminuir os saques
na boca do caixa para "dar
maior transparência" ao controle dos gastos. A CGU (Controladoria Geral da União) e o
TCU (Tribunal de Contas da
União) também fizeram recomendações neste sentido.
Apesar do decreto, os saques
na boca do caixa só cresceram.
No ano passado foram sacados
em dinheiro vivo R$ 24,6 milhões, enquanto que em 2005
foram R$ 13,9 milhões. Em
2007, o valor já supera em
42,53% o do ano passado.
(ANDREZA MATAIS)
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