São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Governo já gastou R$ 54,5 milhões com cartões corporativos neste ano

Valor superou toda a despesa de 2006; União alega gastos com o Censo e o Pan

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo já desembolsou R$ 54,5 milhões nos primeiros oito meses do ano com cartões de crédito distribuídos a um grupo de servidores -39,4% a mais que o gasto em todo o ano de 2006. Do total, R$ 42,8 milhões foram sacados na boca do caixa, prática condenada pelo próprio Executivo pela dificuldade de comprovar os gastos.
Somente um grupo de 491 funcionários comissionados, geralmente indicações políticas, movimentou R$ 1,2 milhão em dinheiro vivo via cartão corporativo neste ano. Ao todo, o grupo gastou R$ 1,98 milhão com seus cartões corporativos neste ano. "Isso demonstra que a quantidade de pessoas que podem operar esses cartões é um poço sem fundo. Os comissionados, em tese, têm compromisso com seu partido ou chefe imediato, não com a coisa pública", criticou o deputado Augusto Carvalho (PPS-DF).
Por meio da CGU, o governo informou que o "crescimento registrado no primeiro semestre de 2007 constitui fenômeno sazonal" devido ao Censo e as ações de inteligência dos Jogos Pan-americanos 2007, no Rio.
O órgão informou que, em razão do Censo, o governo autorizou o aumento do saldo dos cartões de crédito de funcionários do IBGE -responsáveis pela maioria das retiradas na boca do caixa. Os saques "foram necessários devido a despesas em áreas rurais e de pequenas comunidades onde não funcionam as redes afiliadas aos cartões eletrônicos, ou, no caso do Pan, de movimentação necessariamente sigilosa de agentes da Abin e outros órgãos de inteligência e segurança".
Apesar disso, o CGU disse que a orientação é para que se diminua o volume de saques em dinheiro vivo. Os cartões se destinam a custear "despesas emergenciais" na administração pública. O servidor pode sacar o dinheiro ou optar por passar o cartão de crédito. Conforme o Ministério do Planejamento, 7.007 servidores de todas as áreas têm esses cartões.
Há dois anos, o ministério chegou a editar decreto com o objetivo de diminuir os saques na boca do caixa para "dar maior transparência" ao controle dos gastos. A CGU (Controladoria Geral da União) e o TCU (Tribunal de Contas da União) também fizeram recomendações neste sentido.
Apesar do decreto, os saques na boca do caixa só cresceram. No ano passado foram sacados em dinheiro vivo R$ 24,6 milhões, enquanto que em 2005 foram R$ 13,9 milhões. Em 2007, o valor já supera em 42,53% o do ano passado.
(ANDREZA MATAIS)


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