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NOVA AGENDA
Inocêncio disse estar "à esquerda de Malan"
PFL defende rever metas com o FMI
DENISE MADUEÑO
RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília
O PFL defendeu ontem a revisão das metas do acordo firmado
entre o governo brasileiro e o FMI
(Fundo Monetário Internacional). O partido disse estar "à esquerda" do ministro Pedro Malan
(Fazenda).
Outros líderes da base aliada do
governo, como Jader Barbalho
(PMDB) e José Roberto Arruda
(PSDB), também defendem a revisão das metas de ajuste fiscal negociadas com o Fundo, que prevêem uma economia de R$ 30,185
bilhões, neste ano, para o pagamento de juros da dívida pública.
As declarações dos aliados foram desencadeadas pela nova retórica do FMI, manifestada por
seu diretor-gerente, Michel Camdessus, em favor do combate à
pobreza.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
disse que o partido "é a favor de
tudo aquilo que puder dar vantagem ao país". Ele afirmou que vai
apresentar sugestões ao governo
de itens do acordo que devem ser
mudados, para "resolver com a
maior brevidade" o problema da
pobreza.
"O PFL deseja a renegociação
com o FMI para combater as desigualdades sociais e fazer cumprir
uma agenda social. O PFL está à
esquerda de Malan", afirmou o líder do PFL na Câmara, Inocêncio
Oliveira (PE).
Há cerca de um mês, ACM deu
um ultimato a Malan, afirmando
que a política de ajuste precisaria
mostrar resultados em termos de
crescimento econômico em três
ou quatro meses. Do contrário, o
próprio cargo de Malan poderia
estar ameaçado.
O PFL se somou ontem a outros
aliados do presidente Fernando
Henrique Cardoso que querem
rever o acordo com o Fundo. O
presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), afirmou não
ser possível manter a política de
juros altos que agrava a situação
social.
"É positivo que o FMI veja que
os países ajudados por ele não são
escritórios de contabilidade. E
que existem pessoas com direito a
educação, a saúde e a melhores
condições de vida, que estão sendo sacrificadas por suas normas
rígidas", afirmou Jader.
As críticas ao FMI partem também do próprio partido do presidente. O líder do governo no Senado, José Roberto Arruda
(PSDB-DF), disse que o Fundo
precisa "ser mais sensível" às
questões sociais. "Não tenho dúvida de que as metas do FMI passarão por uma revisão", afirmou
Arruda.
Segundo Inocêncio, quando o
acordo com o FMI foi firmado o
Brasil vivia uma crise econômica,
mas agora é necessário levar em
consideração novos indicadores e
novos números para um outro
acordo.
"O governo precisa cumprir
uma agenda social. Estamos realistas com a situação do país", disse Inocêncio. O presidente do
PFL, senador Jorge Bornhausen
(SC), fez um discurso no Senado
cobrando política do governo de
combate ao desemprego.
"No novo cenário que passaremos a viver, vamos crescer sim e o
PFL deseja e quer que o crescimento brasileiro se faça acompanhado da geração de empregos",
afirmou Bornhausen.
O PFL criticou também o modelo de privatização do país. O
partido quer uma privatização
pulverizada, como o modelo inglês. Os trabalhadores poderiam
comprar ações com dinheiro do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço).
O líder do governo na Câmara,
Arnaldo Madeira (PSDB-SP),
afirmou que o acordo com o FMI
foi proposto pelo país. "Estamos
trabalhando na linha de redução
das taxas de juro", afirmou.
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