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URNA
PT e PDT podem
contestar resultados
Voto digital inviabiliza recontagem da votação
MARCELO SOARES
FABIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a realização, hoje, da primeira eleição completamente eletrônica do mundo no Brasil, torna-se tecnicamente impossível recontar votos se algum candidato
suspeitar do resultado das urnas.
PT e PDT já manifestaram publicamente restrições ao sistema,
e podem contestar eleições caso
suspeitem de irregularidade.
Apesar de o voto ser só digital, a
lei prevê recontagem se os totais
de votos nulos, brancos ou válidos fugirem à média das seções.
Oswaldo Catsumi Imamura,
um dos principais responsáveis
pelo sistema, reconhece ser impossível atender aos pedidos. "Para entrar com algum processo, teria que ir contra a lei", afirma.
A verificação teria de ser feita só
no programa. "Se fosse impresso,
poderia recontar. Se recontasse e
desse igual, seria perda de tempo.
Se desse diferente, qual valeria?"
Para Carlos Coana, perito da
Polícia Civil de São Paulo especializado em crimes digitais, vale o
papel porque não exige conhecimento técnico para fiscalizar.
Catsumi reconhece que todo
sistema pode ter falhas, e aponta
medidas tomadas para aumentar
a segurança, como a instalação de
sensores e assinatura digital.
Para Coana, elas são importantes, mas ainda insuficientes. "É
um bom produto. Mas não é seguro o suficiente para assegurar a
legitimidade de uma eleição."
O presidente nacional do PT,
José Dirceu, enviou carta ao presidente do TSE, Néri da Silveira,
contestando a forma adotada pelo
tribunal para a fiscalização.
Dirceu afirma que o voto eletrônico é um avanço no sistema eleitoral por eliminar fraudes tradicionais, mas manifesta preocupação quanto a possíveis erros ou
fraudes sofisticadas.
"O voto digital é mais seguro,
mas não é infalível. Nós nos reservamos o direito de, caso haja suspeita, contestar resultados. Não
queremos dar um cheque em
branco ao sistema", diz João Paulo Cunha, coordenador do Grupo
de Trabalho Eleitoral do PT.
O fiscal do PT foi Márcio Teixeira, um dos responsáveis pelo programa apresentado pela IBM na
licitação de 1996. Só ele foi citado
por Catsumi quando questionado
sobre o preparo dos partidos.
Teixeira, que defende a impressão do voto para recontagem de
segurança, propôs uma "eleição
paralela" para checar o funcionamento do sistema. Seria feita em
urnas escolhidas ao acaso, retiradas das seções, que receberiam
votos fictícios. O TSE não aceitou.
"Aumentaria um pouco a segurança em relação a uma fraude
sistêmica, mas não pegaria problemas localizados. Com a impressão do voto, qualquer pessoa
poderia fiscalizar", diz Teixeira.
Após a demonstração do sistema para os partidos, o PDT pediu
impugnação das urnas. Uma portaria do TSE negava acesso ao
software de criptografia, produzido por um órgão da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
O pedido foi negado por unanimidade. Segundo o TSE, o programa não faz parte do sistema e é
usado porque os melhores estão
sujeitos às leis dos EUA.
Os advogados do PDT não descartam a possibilidade de contestar judicialmente o resultado das
eleições. Isso dependeria da apreciação política do partido.
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