São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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PORTO ALEGRE
Dez candidatos, entre eles Alceu Collares (PDT) e Yeda Crusius (PSDB), querem impedir vitória de Tarso Genro (PT), levando a disputa para o segundo turno
PT tenta chegar hoje ao quarto mandato

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
LÉO GERCHMANN

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE


O PT, representado pelo candidato Tarso Genro, tenta garantir hoje, já no primeiro turno, o quarto mandato consecutivo na Prefeitura de Porto Alegre, assegurando pelo menos 16 anos no poder. Dez candidatos de oposição, com mais chances Alceu Collares (PDT) e Yeda Crusius (PSDB), buscam levar a disputa ao segundo turno.
Tarso desenvolveu uma campanha voltada para obter a sua eleição no primeiro turno. Collares e Yeda, ajudados pelos demais candidatos oposicionistas, empreenderam esforço para haver uma segunda rodada de votação, pretendendo bipolarizar a disputa e quebrar a hegemonia petista.
Prefeito da capital gaúcha no período 93-96, Tarso defende um quarto mandato para o PT com o argumento de que o partido, dando continuidade às administrações anteriores, pode aprofundar o combate à miséria, investir em tecnologia e ampliar a participação popular nas decisões de governo.
Collares, ex-governador (91-94) e também ex-prefeito (86-88), pregou o "antipetismo", classificando a permanência do PT no poder como uma "ditadura". Ele repetiu, em seus pronunciamentos, que, em três anos como prefeito, fez mais obras que o PT (com o agora governador Olívio Dutra, Tarso e o atual prefeito Raul Pont) em 12.
A campanha de Collares dividiu o PDT, que tem representantes seus como secretários no governo do Estado. A ala tida como à esquerda no PDT não acompanhou a candidatura do ex-governador e deve votar em Tarso.
Yeda, que se apresentou como candidata alinhada ao governo Fernando Henrique Cardoso, usou como mote de sua campanha a "igualdade". Ex-ministra do Planejamento no governo Itamar Franco, ela prometeu até criar uma "Secretaria para a Igualdade", caso vença a eleição.
Detentora do maior espaço na propaganda eleitoral, a tucana usou a experiência adquirida na eleição de 1996 -vencida por Pont no primeiro turno- para criticar o PT e apresentar projetos alternativos à cidade.
Além da disputa com o PT, Yeda e Collares travaram uma batalha particular para definir quem iria a um eventual segundo turno. Collares acusou Yeda de ser "hipócrita" ao defender a igualdade e, ao mesmo tempo, participar de um governo que, conforme ele, promove as diferenças sociais.
Ela, por sua vez, acusou Collares de vacilar quanto à sua definição partidária. "Collares diz que é o anti-PT, apesar de carregar a bandeira do PT", referindo-se à aliança entre PDT e PT para o governo do Estado nas eleições de 98.
Uma vitória de Tarso poderá credenciá-lo para futuras disputas de cargos executivos mais graduados, o governo do Estado e até a Presidência, para a qual já foi cogitado.
Tarso, tido como moderado no espectro petista, negou a hipótese de não cumprir integralmente o mandato de prefeito, se for o vitorioso, o que o afastaria das eleições de 2002.
Diferentemente de outras capitais, onde os prefeitos se candidataram a um novo mandato, Tarso é postulante após uma disputa interna no PT. Em convenção, apesar da aprovação de 42% da população (avaliação de ótimo e bom), segundo ranking de prefeitos do Datafolha, Raul Pont foi derrotado por Tarso.


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