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Petistas fazem elogios e críticas a Cuba
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Preocupado com a imagem externa de seu candidato à Presidência, o PT tentou ontem minimizar a importância das relações
de Luiz Inácio Lula da Silva com o
ditador cubano Fidel Castro e o
presidente da Venezuela, Hugo
Chávez. Coube ao presidente do
PT, José Dirceu, a defesa mais clara de Cuba, onde morou entre
1968 e 1971, após ter sido banido
do Brasil pelo regime militar.
"Evidentemente, nós não cuspimos no prato em que comemos.
Eu sou solidário ao povo cubano e
defendo a autodeterminação de
Cuba, como o PT defende, e o fim
das medidas que têm sido adotadas contra a economia de Cuba,
como nos próprios EUA hoje
uma parcela importante da opinião pública defende", declarou,
em entrevista a 80 correspondentes estrangeiros.
Lula disse que há "preconceito"
entre aqueles que criticam as relações que mantém com Cuba e Venezuela. "Não temos de estar
preocupados com que os outros
pensam das nossas relações. Cada
país tem de estabelecer sua estratégia de política de comércio exterior e fazer com a maior lisura
possível e com a maior publicidade possível. Não temos o que esconder nas nossas relações internacionais", afirmou Lula.
Quando um repórter perguntou
que experiência de Cuba poderia
trazer para o Brasil, o petista respondeu: "Nós também queremos
saber", disse, provocando risos
entre os jornalistas presentes.
Lula elogia e mantém relações
pessoais com Chávez, a quem visitou em dezembro do ano passado, e Fidel, com quem se encontrou em Cuba em novembro de
2001. Mas não quer associar seu
projeto político ao deles, tentando
demonstrar que tem relação semelhante com líderes de outros
países. "Não temos preferência
nas relações internacionais. Queremos manter relações com todos
os países do mundo. As mais diplomáticas possíveis. Vale para
Cuba, Venezuela, França, El Salvador, Chile, Peru, Guatemala.
Vamos fazer alianças pensando
nos interesses do Brasil e na democratização do mundo", disse.
Coube a Dirceu apontar divergências com o regime cubano.
"[Cuba tem] uma estrutura política que não é a que nós defendemos. Não é a que o PT construiu aqui no Brasil. Temos posição clara sobre isso. O Lula tem, nós todos temos. Nascemos lutando pela liberdade sindical, pelo direito
de greve, pela liberdade de organização partidária, pelas eleições
diretas, pela liberdade de imprensa e continuamos com a mesma
opinião. Agora cada povo tem
que resolver seus problemas de
maneira democrática."
Instado por um jornalista, Dirceu comentou o período em que
viveu em Cuba. "Não tenho vergonha dos anos em que vivi lá. Pelo contrário. Tenho boas lembranças. Obtive a solidariedade e
o apoio do povo cubano."
O PT mudou sua forma de defesa de Cuba. Em 1984, aprovou documento em que pregava prioridade na relação com o país. Já em
manifesto de 1991 o partido defendia "reformas democráticas"
naquele país.
Na sua viagem a Cuba em 2000,
Lula disse que Fidel era um
"exemplo de ética". No ano seguinte, fez sua crítica mais direta
ao regime. "Não acredito em socialismo com partido único, com
falta de liberdade de organização
sindical e também não acredito
em modelo político em que o Estado seja tutor da sociedade."
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