SÍLVIA FREIRE
SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os sete deputados de oposição protocolaram ontem pedido de impeachment do governador Joaquim Roriz (PMDB), candidato à reeleição e líder nas pesquisas, em que ele é acusado de envolvimento no esquema de grilagem de terras públicas no Distrito Federal.
O pedido tem como base conversas telefônicas gravadas entre Roriz e Pedro Passos, empresário e candidato a deputado distrital pelo PSD, acusado de parcelamento ilegal de terras e grilagem.
Na conversa, Passos pede ao governador a interrupção de fiscalização da Terracap (estatal que administra as terras públicas de Brasília) em condomínio residencial de classe média. O projeto, irregular, estava sendo tocado por Passos e seu irmão, Márcio Passos.
"(...) Isso aí é um vespeiro, governador. Uma bomba atômica. Se não mexer nisso aí, melhor...", disse Pedro Passos a Roriz, no telefonema gravado pela Polícia Federal, com autorização judicial. "Tá. Deixa comigo. Eu falo com..., pode deixar", responde Roriz.
O pedido de impeachment foi encaminhado ao presidente da Câmara Legislativa, deputado Gim Argello (PMDB), aliado do governador e que aparece em uma outra gravação em vídeo, divulgada em setembro, que o relaciona com o esquema de regularização de condomínios ilegais. Ele também aparece nas gravações da Polícia Federal, feitas a pedido do Ministério Público Federal.
Argello solicitou ontem que a assessoria jurídica da Câmara estude o encaminhamento legal do pedido e deve levar o assunto para a próxima sessão, marcada para o próximo dia 9, três dias após o primeiro turno das eleições.
A oposição admite que o pedido não deverá ser aprovado. Roriz tem maioria na Câmara e há duas semanas impediu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o envolvimento de deputados e do governador no esquema de regulamentação de condomínios.
Trechos dos diálogos gravados pela PF foram publicados no fim de semana na revista "Veja" e no jornal "Correio Braziliense".
As conversas foram gravadas pela Polícia Federal em agosto com autorização judicial. Foram 45 telefonemas entre os empresários Pedro e Márcio Passos e autoridades do governo do DF.
Em um dos diálogos, o empresário Pedro Passos acusa o presidente da Terracap, Eri Varela, de receber lotes em um condomínio em troca da regulamentação.
O Ministério Público vai anexar a transcrição das conversas nos processos que apuram o esquema de grilagem de terras. O assunto também está sendo investigado pelo Superior Tribunal de Justiça, que ontem à noite recebeu o conteúdo das gravações.
Segundo o procurador Celso Três, do Ministério Público Federal, as gravações vinculam o governador aos atos de grilagem que ocorrem no DF e podem servir como prova para incriminá-lo.
O governador, que nega envolvimento no caso de grilagem, lidera pesquisas eleitorais no DF com 46%, segundo o Ibope divulgado na última semana.


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