São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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Inocêncio diz que faz "curso de oposição"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), afirma, em tom de brincadeira, que está fazendo um ""curso de oposição" ao se preparar para a assumir a nova função a partir de janeiro de 2003.
Para seguir uma das práticas da oposição no Congresso, o pefelista está criando um grupo de assessores técnicos para acompanhar os gastos públicos do novo governo pelo Siafi (sistema que registra os gastos da União).
O líder afirma que se sentirá à vontade no novo papel. ""Quem é emanado da antiga UDN, não terá dificuldade em fazer oposição." E afirma que o partido vai defender a proposta de salário mínimo de R$ 240, "aquela que, no momento, condiz mais com a necessidade da classe trabalhadora". Leia a seguir a entrevista.
 

Folha - Como o sr. vai comandar a bancada na discussão do salário mínimo?
Inocêncio Oliveira
- O nosso partido apresentou emenda na LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] fixando o percentual de aumento para o salário mínimo em 25%. O PT apresentou emenda de 20%, que foi aprovada, o que elevaria o salário mínimo para R$ 240.
O PFL vai defender essa proposta, que, apesar de vetada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, é aquela que, no momento, condiz mais com a necessidade da classe trabalhadora.

Folha - E quanto à prorrogação da alíquota de 27,5% do Imposto de Renda Pessoa Física a partir de janeiro de 2003 e a manutenção da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)?
Inocêncio
- O PT sempre disse que, a partir de 1º de janeiro do próximo ano, iria defender a manutenção dos 25%. E que a classe média brasileira é o segmento que tem pago o preço mais alto com essa economia brasileira monetarizada. Eu acredito que essa classe não pode mais suportar um aumento de impostos, taxas e contribuições.
Na sua linha programática, o PFL é contra o aumento de impostos, taxas e contribuições ou a criação de novos impostos.
O sentimento é que isso desestimula o setor produtivo, que é fundamental para a geração de renda e de emprego.
Por isso, o PFL tem dificuldade de votar o aumento dessa alíquota de 25% para 27,5% a partir de janeiro. Ainda mais levando em consideração que há dez anos a carga tributária no Brasil era de 27% e hoje é de 34%, uma das mais altas do mundo. O mesmo argumento vale para a CSLL.

Folha - O PFL está recomendando corte de gastos ao futuro governo do PT. Esse discurso não é do PT?
Inocêncio
- Eu diria que o PT tucanou. Eu não sei se o PFL peterizou-se (risos).

Folha - Depois de oito anos como líder do PFL, integrando a base governista por quase todo esse período (o PFL rompeu com o governo desde março e assumiu posição de "independência"), como o sr. está se preparando para ser oposição?
Inocêncio
- Quem é governo tem um tipo de atuação. Quem é oposição tem outro. E estamos fazendo um curso de oposição. Por isso, estamos criando aqui um grupo de assessores encarregado de duas coisas: fiscalizar o "Diário Oficial" e o Siafi.
A partir de 1º de janeiro de 2003, esse grupo terá de me entregar, até o meio-dia, um balanço dos atos do governo publicados no "Diário Oficial" -demissões, nomeações, liberações de verbas, convênios, contratos etc.


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