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Inocêncio diz que faz "curso de oposição"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE),
afirma, em tom de brincadeira,
que está fazendo um ""curso de
oposição" ao se preparar para a
assumir a nova função a partir de
janeiro de 2003.
Para seguir uma das práticas da
oposição no Congresso, o pefelista está criando um grupo de assessores técnicos para acompanhar
os gastos públicos do novo governo pelo Siafi (sistema que registra
os gastos da União).
O líder afirma que se sentirá à
vontade no novo papel. ""Quem é
emanado da antiga UDN, não terá
dificuldade em fazer oposição." E
afirma que o partido vai defender
a proposta de salário mínimo de
R$ 240, "aquela que, no momento, condiz mais com a necessidade
da classe trabalhadora". Leia a seguir a entrevista.
Folha - Como o sr. vai comandar a
bancada na discussão do salário
mínimo?
Inocêncio Oliveira - O nosso partido apresentou emenda na LDO
[Lei de Diretrizes Orçamentárias]
fixando o percentual de aumento
para o salário mínimo em 25%. O
PT apresentou emenda de 20%,
que foi aprovada, o que elevaria o
salário mínimo para R$ 240.
O PFL vai defender essa proposta, que, apesar de vetada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, é aquela que, no momento,
condiz mais com a necessidade da
classe trabalhadora.
Folha - E quanto à prorrogação da
alíquota de 27,5% do Imposto de
Renda Pessoa Física a partir de janeiro de 2003 e a manutenção da
CSLL (Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido)?
Inocêncio - O PT sempre disse
que, a partir de 1º de janeiro do
próximo ano, iria defender a manutenção dos 25%. E que a classe
média brasileira é o segmento que
tem pago o preço mais alto com
essa economia brasileira monetarizada. Eu acredito que essa classe
não pode mais suportar um aumento de impostos, taxas e contribuições.
Na sua linha programática, o
PFL é contra o aumento de impostos, taxas e contribuições ou a
criação de novos impostos.
O sentimento é que isso desestimula o setor produtivo, que é fundamental para a geração de renda
e de emprego.
Por isso, o PFL tem dificuldade
de votar o aumento dessa alíquota
de 25% para 27,5% a partir de janeiro. Ainda mais levando em
consideração que há dez anos a
carga tributária no Brasil era de
27% e hoje é de 34%, uma das
mais altas do mundo. O mesmo
argumento vale para a CSLL.
Folha - O PFL está recomendando
corte de gastos ao futuro governo
do PT. Esse discurso não é do PT?
Inocêncio - Eu diria que o PT tucanou. Eu não sei se o PFL peterizou-se (risos).
Folha - Depois de oito anos como
líder do PFL, integrando a base governista por quase todo esse período (o PFL rompeu com o governo
desde março e assumiu posição de
"independência"), como o sr. está
se preparando para ser oposição?
Inocêncio - Quem é governo tem
um tipo de atuação. Quem é oposição tem outro. E estamos fazendo um curso de oposição. Por isso, estamos criando aqui um grupo de assessores encarregado de
duas coisas: fiscalizar o "Diário
Oficial" e o Siafi.
A partir de 1º de janeiro de 2003,
esse grupo terá de me entregar,
até o meio-dia, um balanço dos
atos do governo publicados no
"Diário Oficial" -demissões, nomeações, liberações de verbas,
convênios, contratos etc.
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