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A Mooca no poder
Da zona leste, onde Serra nasceu, ao Alto de Pinheiros, onde vive, conheça os pontos prediletos do prefeito eleito na cidade
PAULO SAMPAIO
DA REVISTA DA FOLHA
Moquense ou moqueiro? Quem
nasce na Mooca é o quê? O prefeito José Serra prefere a primeira
opção, como a maioria dos que vivem no bairro de origem italiana,
onde ele nasceu. Foi lá que Folha
iniciou o percurso que ele fez até o
Alto de Pinheiros (oeste), onde
mora, traçando uma espécie de
roteiro de suas preferências.
"Ele é do tipo que come quieto",
diz João Donato Neto, 67, o dono
da pizzaria Castelões, no Brás.
Com 80 anos de existência, a
Castelões é uma das preferidas do
prefeito eleito, que costuma ir
com a mulher, Monica, ou as tias,
Carmela, Rosa e Thereza, que moram na travessa Alta Floresta,
Mooca. Nessas ocasiões, diz Neto,
pede pizza meia calabresa, meia
mozarela (R$ 33,00). "Ele é muito
discreto, mas não se recusa a dar
autógrafos. Essa fama de mau-humorado é injusta", acha.
Na escola Antônio Fermino de
Proença, em frente à travessa, a
empresária Zilda Marçola, "amiga de infância" de Serra, liga para
tia Carmelita pelo celular:
"Não tia, não é para dar entrevista!", diz Zilda, gritando. "Só
para ver se a senhora lembra os
lugares que ele costuma freqüentar...O Di Cunto e o que mais?",
referindo-se à confeitaria de 1896.
Foi na confeitaria, já em campanha, que Serra reuniu no começo
de agosto uma animada mesa de
parlamentares e correligionários:
entre eles Jorge Bornhausen, José
Carlos Aleluia, Alberto Goldman,
Cláudio Lembo, Andrea Matarazzo e Edson Aparecido. Naquela
ocasião, e mesmo quando o cardápio não inclui política, o prefeito eleito pediu sanduíche de pernil "sem molho acebolado" e -o
que ele mais gosta: carolinas recheadas com creme de ovos e vinho marsala, com calda de chocolate quente (profiteroles).
"Na segunda-feira logo após o
primeiro turno, ele fez uma caminhada pelo Brás distribuindo profiteroles", conta Pedro Porta Filho, 58, proprietário.
O percurso até o outro extremo
da cidade inclui o Mercado Municipal, onde o pai do prefeito foi
vendedor de abacaxi.
Parada para cafezinho na livraria Fnac, outro "point" frequentado por Serra (que costumar pedir
café expresso, R$ 1,70, e pedaço de
torta de limão, R$ 5,20). Na avaliação do gerente, Carlos Lages,
29, as pessoas que o abordam ali
"são aquelas de certo nível intelectual": "Ele está sempre lendo,
escrevendo, não dá coragem de
chegar".
Mesmo assim, Lages conta que
um antigo funcionário resolveu
cumprimentá-lo.
"Me dá licença, sr. Quércia, posso pedir um autógrafo?"
""Como assim, Quércia?"
Mais adiante, perto da residência do prefeito, no Alto de Pinheiros, um caminhão-quase-tanque
do exército, com uma bandeira
tucana e vários decalques grandes
do número 45 na lona que cobre a
caçamba, chama a atenção em
frente ao restaurante Fidel, também frequentado por Serra.
O proprietário do restaurante (e
também do caminhão), Marcos
Oliveira, 56, explica que arrematou a carcaça (sem o motor) em
um leilão por R$ 1.500.
Quem olha o caminhão com a
bandeira e os números do prefeito, imagina que Oliveira é "Serra
doente" -mas ele explica que
apenas prefere o candidato do
PSDB. "Entre o Serra e a Marta, fico com ele", diz.
Vítima de um assalto há pouco
menos de um ano, Oliveira explica que o número 45 faz lembrar
bem mais o calibre do revólver do
assaltante que atirou nele.
O Fidel foi o último restaurante
do roteiro visitado por Serra na
quarta-feira. Ele chegou ao lugar
por volta de 23h30, com a mulher,
e pediu salmão grelhado com legumes (R$ 35) e água com gás.
"Ele é o anti-estrela, muito discreto, ninguém nota quando entra e sai", diz o mâitre Zacarias
Santana, 42.
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