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ORÇAMENTO 99
Áreas sociais ficam com maior parte dos recursos, mas terão pouca margem para realização de obras
Infra-estrutura lidera investimentos em SP
CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local
As áreas sociais receberão a
maior parte das receitas do Estado
de São Paulo em 1999 (71,15%),
mas as principais vitrines de obras
e inaugurações estarão nos setores
de infra-estrutura, como energia,
transportes e saneamento, que terão o maior volume de investimentos, R$ 3,64 bilhões.
A capacidade de investimento
deverá ser um dos principais atrativos nas negociações para a composição do secretariado do futuro
governo Mário Covas (PSDB).
Investimento significa realização de obras, um dos maiores
trunfos políticos de um secretário
que pretende ganhar visibilidade
pública para eleições futuras ou se
credenciar a outros cargos.
Os números estão no projeto de
Orçamento do Executivo, que ainda precisa ser aprovado pela Assembléia Legislativa.
Educação
Pela proposta, a Secretaria da
Educação é a que terá a maior dotação orçamentária: R$ 5,6 bilhões. Mas quase todos os recursos serão destinados ao custeio da
própria secretaria e da rede de escolas espalhadas pelo Estado. Sobrará pouco para investimento.
Mesmo assim, a educação entra
no segundo maior bloco de investimentos do próximo ano, o social, que inclui ainda habitação,
saúde, administração penitenciária, justiça e segurança pública.
Juntos, esses setores poderão gastar R$ 685,4 milhões em obras ou
novos projetos.
Empresas públicas
As sobras de recursos para energia, transportes e saneamento
vêm principalmente das empresas
públicas ou autarquias vinculadas
às secretarias dessas áreas.
Apesar de terem relativa independência, essas entidades são subordinadas às pastas de suas respectivas áreas de atuação. Ou seja,
tudo o que as empresas ou autarquias realizam pode ser capitalizado pelo chefe-maior, o secretário.
A Cesp (Companhia Energética
de São Paulo), por exemplo, é o
órgão que, individualmente, terá
o maior volume para investimento em 99, R$ 798 milhões. Nenhum centavo desses recursos virá do Tesouro. Parte será bancada
por receitas próprias da Cesp e
parte por operações de crédito.
Mas as obras serão certamente
inauguradas com a presença do
secretário de Energia, ao qual a
empresa é vinculada.
O restante dos investimentos na
área de energia será feito pela
Comgás (R$ 123 milhões), Empresa Paulista de Transmissão de
Energia (R$ 136,7 milhões) e Empresa Metropolitana de Águas e
Energia (R$ 39,3 milhões). Nada
virá da própria secretaria.
A Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras será a segunda área mais interessante do
governo em termos de obras.
Do R$ 1 bilhão de investimento
previsto, R$ 667,5 milhões virão
da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo) e R$ 304,9 milhões do
DAEE (Departamento de Águas e
Energia Elétrica).
Há também R$ 20,6 milhões de
um fundo estadual (Fehidro). Somente os recursos do DAEE saem
da dotação orçamentária da própria secretaria estadual, de R$ 646
milhões.
Transportes
A próxima pasta no ranking da
capacidade de realização de obras,
de acordo com a proposta orçamentária, é a de Transportes Metropolitanos, com R$ 916 milhões.
Novamente, os recursos vêm de
empresas públicas: Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos
(R$ 672,4 milhões), Companhia
do Metropolitano de São Paulo
(R$ 199,9 milhões) e Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (R$ 2,5 milhões).
Outros R$ 40,2 milhões são provenientes de um fundo destinado
a obras especificamente realizadas
na área metropolitana (Fumefi).
A quarta colocada é a Secretaria
dos Transportes, que poderá investir R$ 628,2 milhões. A Dersa
(Desenvolvimento Rodoviário
S/A) entrará com R$ 200 milhões,
o DER (Departamento de Estradas
de Rodagem), com R$ 406,7 milhões e o Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo, com
R$ 21,5 milhões.
Social
A habitação lidera os investimentos na área social graças à destinação de 1% da arrecadação do
ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços, o principal imposto arrecadado pelo Estado) à CDHU (Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e
Urbano do Estado de São Paulo).
A empresa, que tem alguns contratos colocados sob suspeita pelo
Ministério Público, receberá R$
429,2 milhões do Tesouro para
obras e usará outros R$ 94,6 milhões de recursos próprios.
A Secretaria da Saúde tem a terceira maior dotação orçamentária
do governo (R$ 2,6 bilhões) e lidera os investimentos diretos das
pastas com R$ 51,9 milhões.
Nessa área também são contabilizados investimentos de R$ 30
milhões da Furp (Fundação do
Remédio Popular), de R$ 9 milhões do Hospital das Clínicas e de
R$ 3,9 milhões do Hemocentro.
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