São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2000

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PAINEL


O preço da paz
A hipótese de ACM vir a ser ministro de FHC já foi mais improvável. Com todos os problemas que ela implica -e são muitos-, talvez seja a única saída para emplacar Jader Barbalho (PMDB-PA) na presidência do Senado e acomodar a base aliada até o fim do mandato.

Balão de ensaio
Há ministros que não são da cota carlista nem pertencem ao PFL que já cogitam, muito discretamente, a ida de ACM para o ministério como solução menos ruim para prolongar a unidade da base até o final da era FHC.

Jogo de várzea
Jader Barbalho tem repetido a aliados próximos: "Se Antônio Carlos acha que será ruim me ver na presidência do Senado, não tem idéia do que seria a vida dele se eu ficasse na planície".

A contragosto
FHC pretendia se resguardar até janeiro, antes de se envolver na crise da coalizão governista. Foi convencido de que terá de contrariar seu temperamento. O estilo "deixa como está para ver como é que fica" foi inviabilizado pela gravidade do impasse.

Poder moderador
De Michel Temer para FHC: "O senhor não pode esperar mais. É a única pessoa que pode resolver esse assunto tendo uma conversa franca com os dois (ACM e Jader Barbalho) em torno da governabilidade".

Alívio geral
O PMDB estava desconfiado com o convite de FHC para Sarney acompanhá-lo ao México. O Planalto tranquilizou a sigla: o presidente tentaria desestimular o ex de ser candidato ao Senado, se essa fosse a sua intenção. Foi fácil. Sarney não é de briga.

Afago regional
Tasso Jereissati disse a Aécio Neves que pode até ter suas preferências, mas que é "homem de partido" e que o PSDB do Ceará ficará "unido" em torno do projeto do mineiro para a Câmara.


Rebelião no sul
Os presidentes dos diretórios regionais do PPB passaram os dois últimos dias reunidos em Florianópolis (SC). Querem tirar o comando da sigla das mãos do ex-prefeito Paulo Maluf.

Nome de peso
Tendo Esperidião Amin como anfitrião, a reunião do PPB contou com os ministros Francisco Dornelles (Trabalho) e Pratini de Moraes (Agricultura). O nome de Delfim Netto foi lembrado para a sucessão de FHC.

Oferta e...
Proposta que a bancada do PSDB vai fazer a Marta Suplicy hoje: vota o Orçamento exatamente como a prefeita eleita quer, incluindo os 15% de remanejamento, desde que ela não use a caneta na eleição da presidência da Câmara paulistana.

...contra-oferta
Resposta da cúpula do governo Marta: o gabinete fica fora do jogo da eleição da Câmara se o deputado estadual tucano Walter Feldman deixar de trabalhar nos bastidores, em nome do governo do Estado, contra a candidatura de José Eduardo (PT).

Ondas livres
Andrea Matarazzo(Comunicação) liberou as redes de rádio e TV de ter de entrar no mesmo horário, às 20h, com pronunciamentos oficiais. Com exceção das falas de FHC, as emissoras agora poderão colocar os ministros entre 19h e 22h.

Serra onze e meia
A flexibilização do horário dos pronunciamentos oficiais é uma antiga reivindicação das emissoras. O horário fixo das 20h atrapalhava a programação e o faturamento. Serra (Saúde) fala hoje sobre Aids já no novo esquema.

Visita à Folha
Jean-Pierre Juneau, embaixador do Canadá no Brasil, e Jean-Michel Roy, cônsul-geral do Canadá em São Paulo, visitaram ontem a Folha. Estavam acompanhados de Maigon Pontuschka, oficial de Informação e Comunicação do consulado.

TIROTEIO

De Paulo Hartung (PPS-ES), sobre a paralisação da reforma política no Congresso:
- A reforma política não passou de um factóide para desviar a atenção da mídia de assuntos desagradáveis ao Planalto.

CONTRAPONTO

Estilo familiar
Em 1953, o então vereador Gabriel Quadros, pai de Jânio, fez um discurso emocionado na tribuna da Câmara, segundo relato do governador Franco Montoro, morto no ano passado, no livro "Memórias em Linha Reta", que será lançado hoje pela editora Senac São Paulo.
Volta e meia, Gabriel rompia publicamente com Jânio, fazendo-lhe ataques pesados. Dias depois, reconciliava-se com o filho em discursos teatrais.
Naquele dia, porém, Gabriel resolveu penitenciar-se de todos os ataques que fizera. Acabara de saber que o filho estava com câncer em estado avançado. Jânio mostrara horas antes um atestado médico ao pai confirmando a gravidade da doença.
Dias depois, para surpresa de Montoro, Gabriel voltou à tribuna batendo em Jânio furiosamente. Descobrira que o filho estava muito bem de saúde. Mostrara-lhe um atestado falso.


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