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Receita conta com "medo" para arrecadar mais
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal conta com
o temor dos sonegadores em
relação aos projetos de lei em
tramitação no Congresso para
aumentar a arrecadação no
ano que vem.
Os cálculos feitos em conjunto pelos técnicos da Receita Federal e da Comissão Mista de
Orçamento do Congresso
apontam um aumento de 5%
na arrecadação em 2001, o que
corresponde a R$ 8 bilhões.
Desse valor, R$ 6 bilhões ficariam com a União, que irá usá-los para garantir o aumento do
salário mínimo e as emendas
dos parlamentares.
O restante seria dividido entre Estados, Distrito Federal e
municípios.
Mas não há garantia de que a
arrecadação extra realmente
atinja esse valor, já que a comissão e a Receita utilizam
apenas estimativas.
Esse acréscimo na receita está
atrelado à aprovação de três
projetos de combate à sonegação e à elisão fiscal (uso de brechas da lei por empresas para
pagar menos impostos do que
deveriam) que estão em tramitação. Mas os principais itens
desses projetos precisam ser
regulamentados para entrar
em aplicação.
O relator da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO),
afirma que os técnicos da Receita consideram o medo a
principal arma para aumentar
a arrecadação. "Os sonegadores começarão a pagar mais
impostos porque sabem que
terão mais chance de ser apanhados. E, se forem apanhados, terão de responder a processo e pagar multa. O prejuízo
será maior", afirmou o relator.
Para ele, a estimativa de aumento da arrecadação é "até
conservadora".
"Há estudos da comissão que
mostram que a arrecadação
pode atingir R$ 11 bilhões, mas
nós optamos por um cálculo
conservador."
Mas o deputado Roberto
Brant (PFL-MG) acha "uma irresponsabilidade" atrelar o aumento do mínimo a uma receita incerta. "Sou a favor de quebrar o sigilo, mas votar o projeto correndo como fonte de receita orçamentária é irresponsabilidade."
Na avaliação dos técnicos da
comissão, a aprovação da nova
lei deve aumentar a arrecadação efetiva a partir de 2002. O
combate à elisão fiscal, por
exemplo, precisa de leis que o
regulem, o que inviabiliza sua
aplicação já em 2001.
Outro ponto da reforma no
Código Tributário, a instituição do Imposto de Renda mínimo, também precisa de regulamentação, o que também deve empurrá-la para 2002.
Outros pontos são considerados pouco eficientes no aumento da arrecadação, principalmente no substitutivo do
deputado Ney Lopes (PFL-RN)
ao projeto de quebra de sigilo
bancário.
O parecer de Ney Lopes prevê
que um juiz tem 72 horas para
analisar um pedido de quebra
de sigilo, mas não aponta consequências para quem não respeitar o prazo.
Desse modo, um juiz poderá
postergar indefinidamente
uma quebra de sigilo.
(OTÁVIO CABRAL e LUIZA DAMÉ)
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