São Paulo, terça-feira, 01 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Executivos de construtora são denunciados

Ministério Público faz nova denúncia contra três diretores da Camargo Corrêa, acusados de lavagem de dinheiro e corrupção

Foram apontados fraude e sobrepreço na construção de 23 navios e 5 hospitais; executivos já apresentaram defesas de outras acusações

LILIAN CHRISTOFOLETTI
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal em São Paulo ofereceu uma nova denúncia (acusação formal) contra três executivos da construtora Camargo Corrêa, que foi investigada durante a Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. Desta vez, os diretores foram acusados pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção em obras públicas.
A denúncia foi protocolada na Justiça Federal de São Paulo, na última sexta-feira, às 18h45, pela procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn, do Ministério Público.
No documento, a Procuradoria apontou fraude e sobrepreço em duas licitações públicas, uma iniciada pela Transpetro, empresa estatal subsidiária da Petrobras, para a construção de 23 navios, e outra, do governo do Pará, para a construção de cinco hospitais.
Kahn apontou irregularidades também no processo de aprovação da lei de mudança de zoneamento do município de Caieiras (35 km de São Paulo), que supostamente teve o objetivo de beneficiar o lançamento de um grande empreendimento da Camargo Corrêa.
Foram denunciados os diretores da construtora Pietro Francesco Giavina Bianchi, Dárcio Brunato e Fernando Dias Gomes, e o consultor financeiro suíço Kurt Paul Pickel, apontado pela PF como o doleiro "operador" do esquema de lavagem de dinheiro.
Os valores e os detalhes de cada irregularidade apontada pelo Ministério Público Federal são mantidos em sigilo.
Apesar de as duas licitações não terem ocorrido no Estado de São Paulo, a Procuradoria entendeu que os desvios de dinheiro foram planejados e executados pela direção da construtora em território paulista.
Para se tornar um processo penal, a denúncia ainda precisa ser aceita pelo juiz federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo, Fausto Martin De Sanctis.
Apresentação da nova acusação foi a providência inicial do Ministério Público Federal após a segunda fase de investigações da Castelo de Areia.

Primeira fase
A primeira etapa das apurações já deu origem a dois processos criminais. Em um deles, os três executivos e o consultor financeiro suíço também foram denunciados pelos crimes de fraude contra o sistema financeiro, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Segundo essa acusação, os suspeitos foram responsáveis pela movimentação ilegal de US$ 30 milhões. Essa denúncia foi aceita pela Justiça Federal em junho, dando início ao processo penal.
A Castelo também levou à abertura de uma ação criminal na Justiça Federal da Bahia. Nessa causa são réus Bianchi, outro diretor da Camargo Corrêa, dois executivos da empresa Andrade Gutierrez e três da companhia Impregilo, sob a acusação de formação de cartel, quadrilha e fraude na licitação para o metrô de Salvador.

Política
Na última sexta-feira, a procuradora também entregou à Justiça um novo relatório preparado pela PF sobre a Castelo de Areia. O documento traz um aprofundamento das apurações sobre supostas contribuições ilegais a políticos.
No relatório, a polícia citou 208 obras e contratos da Camargo Corrêa entre 1995 e 1998 e apontou suposto esquema de pagamento mensal a parlamentares e a administradores públicos, além de doações "por fora" para partidos-PMDB, PFL (DEM), PSDB, PPB (PP) e PTB- e até secretários da cidade e do Estado de São Paulo.
Essa investigação não consta da denúncia apresentada sexta-feira pela Procuradoria.
A construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas é uma das obras que passaram a ser investigadas na segunda fase da operação da PF.
Segundo autoridades que já tiveram acesso ao relatório, que tem mais de 300 páginas, políticos de partidos da base aliada e de oposição ao governo federal são citados no documento.


Texto Anterior: Direção do PT-DF não aceita que deputado do partido assuma
Próximo Texto: Operação da PF: STF e STJ devem decidir sobre autoridades
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.