São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2007

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Posse com chuva atrai só 10 mil em Brasília

Palácio do Planalto previa público de 30 mil na Esplanada dos Ministérios; há quatro anos, 70 mil prestigiaram a cerimônia

O custo do evento foi de aproximadamente R$ 1,7 milhão; desse valor, R$ 600 mil foram pagos pelo PT e o restante pela Presidência


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A festa da segunda posse de Luiz Inácio Lula da Silva levou somente 10 mil pessoas à Esplanada dos Ministérios em Brasília, segundo avaliação da Polícia Militar. A previsão inicial, tanto do PT como do Planalto, era levar entre 40 mil e 50 mil pessoas.
Em 2003, 150 mil prestigiaram o evento, conforme a polícia, mas uma recontagem feita pela Defesa Civil reavaliou esse número para 70 mil.
O público modesto de ontem se deve, além da chuva, ao fato de ser apenas um ato formal, já que Lula foi reeleito. Além disso, o próprio presidente havia recomendado à equipe que organizou as comemorações que gostaria de participar de uma festa simples. O custo do evento foi de cerca de R$ 1,7 milhão, sendo R$ 600 mil pagos pelo PT e o resto pela Presidência.
O público, formado basicamente por militantes e famílias, começou a chegar à Esplanada dos Ministérios por volta das 14h. O PT armou sete tendas no local para vender camisetas comemorativas por R$ 10 e R$ 15. Quem comprava uma unidade ganhava ainda adesivos e uma bandeira do partido. A CUT também tinha uma barraca, na qual camisetas vermelhas comemorando a segunda posse de Lula eram vendidas a R$ 5.
O ciclista Marcos Soares Fernandes, 42, pedalou de Mongaguá, no litoral sul de São Paulo, até Brasília para participar da festa. Pintor, ele passou 15 dias na estrada para entregar uma carta de agradecimento ao presidente Lula. "Fiz um curso de manutenção de computadores pago pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)", disse.
A chuva de ontem na capital federal parou apenas durante alguns minutos. Para a sorte de Lula, a trégua começou às 15h18, cerca de meia hora antes de ele e Marisa Letícia seguirem em carro aberto para o Congresso Nacional, local oficial da posse do presidente.
Durante o trajeto, que durou cerca de dez minutos, um homem furou o bloqueio para fotografar o presidente, mas foi detido pela segurança.
Nos poucos momentos sem chuva, duas drag queens percorreram os gramados da Esplanada caracterizadas, na sua própria definição, como "sinhá-moça" e "rebelde". "Lulistas e petistas", elas foram a atração de crianças e adultos que esperavam que Lula saísse da cerimônia no Congresso.
Entre latinhas de cerveja e churrasquinho no espeto, o público esperou durante uma hora e meia a solenidade de posse no Congresso, depois da qual o presidente seguiu, desta vez em carro fechado, ao Planalto.
Já com a faixa presidencial e no parlatório, Lula fez seu pronunciamento à nação e, logo depois, desceu e cumprimentou os convidados em frente ao Planalto. Nesse momento, houve tumulto. Empresários, funcionários do Planalto e dirigentes de movimentos sociais disputavam espaço com seguranças para tocar no presidente e na primeira-dama, Marisa Letícia.
Para a Polícia Militar, a chuva de ontem colaborou para controlar os simpatizantes do presidente. "A festa foi menos intensa do que em 2003, quando o presidente era novidade. A chuva atrapalhou o evento, mas ajudou o policiamento", disse o coronel da Polícia Militar Antonio Serra, responsável pela equipe de 900 policiais destacados para garantir a segurança da festa.
Somente um furto de uma carteira e de um celular foi registrado. O único incidente no qual a PM teve que intervir foi quando militantes petistas e do MR-8, um grupo ligado ao PMDB, tentaram agredir a médica Maria Luiza Meyer, 42, e a esteticista Cristiane Couto, 38, que faziam um protesto contra o governo.
Diante do Planalto, com narizes de palhaço, elas estenderam a seguinte faixa: "Seria cômico se não fosse trágico".
À noite, os shows programados pelo PT para depois da posse reuniram um pequeno público, que acabou vencido pela chuva.


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